segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Chez moi

Estou vivendo uma infeliz coincidência. Estou em casa, tenho que trabalhar em casa (na preparação de aulas, frilas e contatos profissionais) e está um calor terrível.
Geralmente, tenho vontade de ir embora de Cuiabá nos meses de agosto, setembro e outubro. O céu cinzento, o calor sufocante e a paisagem de filme de fim de mundo me deixam agoniada, quase à beira de um ataque de nervos. Tenho que usar todo meu lado racional para me manter calma e acreditar que um dia as coisas vão melhorar - que vai chover, por exemplo. Mas, aí fico angustiada imaginando aqueles temporais que enchem tudo e deixam a cidade de pernas pro ar.
Ontem, por exemplo, ao final de um almoço festivo, quase perdi as estribeiras com um cara que mal conheço que, sabendo que eu era jornalista, veio arrasar com a classe dos jornalistas. Tudo bem que tem muito jornalista safado, que só olha pro seus próprios interesses, mas isso não seria uma característica de muito ser humano em geral? Não aguento essa mania de generalizar, ficar atacando todo mundo. Quando ele viu que fiquei irritada, ficou pedindo desculpas, o que me deixou constrangida.
Este ano, como todos já sabem, a temporada de seca está pior do que nunca e se junta a isso o fato de eu não ter um local de trabalho, ou seja, estar desempregada. Em anos anteriores, eu reclamava, comentava sobre o calor com os colegas e depois o nosso grande problema passava a ser onde deixar o termostato do ar condicionado para que ninguém ficasse com frio demais.
Constato que minha casa não foi organizada para o trabalho. Muito pelo contrário, nos últimos anos, tirei o ar condicionado do escritório porque precisei dele num outro quarto. Enfim, preciso reorganizar o meu espaço de trabalho e fico com medo de gastar, já que a situação ainda está nebulosa.
Trabalhar em casa, como muitos já disseram e experimentaram, tem suas vantagens e desvantagens. É preciso muita autodisciplina, manter o foco e controlar a ansiedade. O mais difícil para mim está sendo me confrontar comigo mesmo e decidir para aonde quero ir, qual é o meu objetivo. É claro que quero e preciso ganhar dinheiro, mas minha eterna utopia é achar que posso ganhar dinheiro fazendo o que eu gosto (no momento, para ser sincera, só estou gostando de cantar). Tenho pago um preço por isso. Será que vou continuar nesse mesmo trilho ou vou escolher um caminho diferente?

Um comentário:

Amandita disse...

Quando passamos mais tempo em casa é que percebemos o quanto o ar-condicionado de um local de trabalho convencional faz falta... rs