segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

No país das desigualdades

"O Brasil é um país muito injustamente desigual". A frase é do economista Eduardo Giannetti em entrevista à jornalista Marília Gabriela. 
Assisti a esse  trecho crucial da entrevista no final do expediente de hoje e é como se tivesse dado um click na minha cabeça. 
Não vou repetir tudo que ele diz aqui. Sugiro que quem me lê assista ao vídeo clicando no link: http://www.socialfly.com.br/videos/11-este-homem-resolve-deixar-a-baboseira-de-lado-e-resume-o-maior-do-problema-do-brasil-em-2-minutos
Sempre pensei como ele.  Acho absurdamente injusto que as pessoas não tenham as mesmas chances e condições mínimas de saúde, educação e moradia que eu tive.
"As condições iniciais em que as pessoas começam sua vida são absurdamente desiguais. Chegamos ao século 21 sem ter conseguido resolver um problema de agenda social do século 19, que é coleta de esgoto. E o Brasil quer fazer estádio, quer fazer trem-bala e quer continuar vivendo miseravelmente" - questiona Giannetti.
Nada contra fazer Copa do Mundo, sediar Olimpíadas (os protestos contra Copa podem ser assunto para outro post), mas não dá para querer fazer isso (mal e porcamente) sem ter resolvido o tal problema do século 19, que é saneamento básico!
Sempre ouço dizer que saneamento básico não dá voto para político porque ninguém vê. Isso é complicado. 
As mesmas pessoas que vivem no meio da merda (não tem outra palavra para descrever a situação) acabam elegendo políticos que só enfiam os pés na merda às vésperas de eleição em busca de votos, cheios de promessas que dificilmente serão cumpridas.
Sou de uma família de classe média, que já teve altos e baixos, porém nunca faltou comida na minha casa, sempre dormi numa cama gostosa e devidamente protegida do frio ou do calor, fiz minhas necessidades básicas num banheiro com descarga e pude tomar meu banho com tranquilidade (salvo alguns momentos de exceção em que faltou água no prédio no bairro carioca do Flamengo, onde passei boa parte da minha infância e adolescência).
Estudei em bons colégios particulares, passei no meu primeiro vestibular para uma universidade federal e, apesar de alguns altos e baixos, meu padrão de vida sempre se manteve. Vou e volto de carro para o trabalho, não enfrento ônibus ou trens superlotados com pessoas me espremendo ou bolinando, vou ao dentista quando sinto dor de dente e ao médico quando sinto algum desconforto. Faço exames preventivos anualmente e pude dar às minhas filhas quase todo o conforto que tive graças ao meu trabalho e ao apoio da família.
E então? Posso imaginar (imaginar, vejam bem) a dor de quem passa frio, de quem tem fome, de quem tem dor ou vê a dor de alguém que ama e não pode socorrê-lo. E isso - essa desigualdade - sempre me incomodou muito, desde que eu era criança.
Com o tempo, acho que fui criando uma espécie de capa, um cinismo que, uma vez desiludida com os caminhos da política que cheguei a cortejar quando jovem e com os caminhos da religião, me ajuda a seguir em frente. 
Mas, o gosto amargo, a sensação de incômodo diante da minha inércia e o vazio permanecem ... 
Dando continuidade aos meus questionamentos do post anterior: o que tenho feito para diminuir essa desigualdade? O que posso fazer para mudar essa situação?

www.rondoniadinamica.com



Um comentário:

blogger do negao disse...

Penso igual.
Continue provocando!