segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Praga é uma festa! (Parte 2)



Depois de um final de semana bem intenso em meio às comemorações da formatura de uma amiga de infância de minhas filhas, retomo meu diário de viagem exatamente em Praga.
A capital da antiga Tchecoslováquia (a separação entre a República Tcheca e a Eslováquia aconteceu em 1992), também conhecida como a Pérola do Oriente, é uma cidade bem receptiva a turistas e fica evidente o quanto gosta (ou precisa) deles. 
Acredito que o turismo seja uma das principais fontes de renda da cidade. Não tivemos dificuldades para encontrar pessoas que falassem inglês e, em algumas lojas de souvenirs  (são inúmeras!), alguns vendedores até arriscam o portunhol. 
Numa delas, eu perguntei ao moço que nos atendia se era árabe e ele respondeu: "Não, turco. Veja: big eyes, big nose, big mouth ..." Parecia o encontro da Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau.
Em pouco mais de dois dias de Praga, naturalmente não pudemos conhecer toda a cidade. No primeiro dia, a gente se dirigiu a Old Town - o centro histórico da cidade, que tem como uma de suas referências o magnífico relógio astronômico. É ali que se concentram os guias de turismo de diversas empresas que promovem o chamado "free tour". Na verdade, você paga quanto quiser ao final de um tour de quase duas horas.
Como adoramos o passeio guiado por nossa guia Cristina, demos o valor sugerido por ela (o equivalente a 5 euros por pessoa). Nosso grupo era formado por pessoas de vários países (malaios, norte-americanos, europeus) e as explicações eram dadas em inglês. Nossa guia era muito divertida e sempre finalizava suas explanações com algum comentário engraçadinho ...
"And so, let's go" - dizia, empunhado sua sombrinha fechada, como uma Mary Poppins moderna.

Cristina, a guia

Depois de percorrermos os prédios e vias mais importantes da chamada Old Town e de seu entorno, Marina e eu nos sentimos suficientemente valentes para encarar outros passeios sozinhas, munidas do mapa da cidade. 
Comemos um big crepe (mais bonito que gostoso) numa das barracas do Christmas Market por volta de 14h e resolvemos visitar o Castelo de Praga, que fica no alto, do outro lado do rio Moldava (ou Vitava). O passeio foi lindo, mas tenho certeza de que não dedicamos ao local tempo suficiente. Estávamos cansadas das andanças da manhã, mas não queríamos desperdiçar a beleza do dia (um céu azul, sem nuvens). Além disso, havia gente demais no castelo  - um conjunto de várias edificações, onde a cidade se iniciou no século IX. 
Resolvemos descer a pé (na subida, fomos num ônibus elétrico tão cheio de turistas que nem conseguimos descobrir como fazíamos para pagar a passagem). Foi uma decisão sábia ... A descida por uma escadaria foi linda e antes pedimos para um rapaz de um grupo animado para que tirasse uma foto de nós duas na entrada principal do castelo. Advinhe de onde ele era: de Cuiabá (MT). Eu me arrependi muito de não ter tirado uma foto com ele. Nosso amigo mato-grossense foi mais um dos inúmeros jovens que encontramos do programa Ciência sem Fronteiras.

A foto tirada pelo colega cuiabano em frente ao Castelo de Praga

No retorno à Old Town, passamos pela Catedral de São Salvador e não resisti à possibilidade de assistir a um concerto em seu interior. Como a apresentação já tinha começado, o responsável pela venda dos ingressos fez um preço camarada. A igreja estava bastante cheia e fiquei frustrada de ficarmos de costas para os músicos: uma soprano, que ora se apresentava acompanhado do órgão, ora de instrumentos de cordas. Mesmo assim foi lindo e confesso que fiquei com olhos cheios de lágrimas em alguns momentos.
Depois de tanto andar, estávamos morrendo de fome e, após alguma hesitação, entramos num restaurante perto da Old Town, Müstek, onde mergulhei com vontade num prato de Goulash - um guisado de carne de vaca, bem suculento e cheio de calorias, devidamente acompanhado do tal dumpling (uma espécie de bolinho ou pão muito gostoso).
Depois de uma refeição dessas, não dava para ir dormir, por isso fomos atrás de um bar sugerido por um colega da Marina, onde poderíamos experimentar vários tipos de cerveja. Andamos bastante, perguntamos e conseguimos chegar ao tal bar, porém além de muito cheio, o cheiro de cigarro estava insuportável e não eram aceitos cartões de crédito (estávamos sem coroas tchecas naquele momento).
Acabamos parando em outro bar, um Irish bar, onde tomamos um canecão de cerveja e ouvimos música ao vivo da melhor qualidade: dois violonistas sessentões tocando e cantando sucessos dos Beatles, Bob Dylan e Simon & Garfunkel, entre outros.
De lá, voltamos para o hotel - uma caminhada longa e gostosa. No caminho, passamos mais uma vez pela Old Town e pelo relógio astronômico. Era tarde, estava frio, mas Praga continuava efervescente.

A bela vista do Castelo de Praga

Antes de terminar, uma nota triste: uma coisa que chamou minha atenção em Praga foram os mendigos. Fiquei grilada de tirar foto, mas eles ficavam deitados sobre os joelhos, com a cabeça baixa (olhos voltados para o chão) e deixam um chapéu ou algo parecido para recolher as moedas. Pareciam estátuas de tão imóveis. Fiquei imaginando quem são essas pessoas e uma amiga europeia me disse que contam que são pessoas exploradas por uma espécie de Máfia que os atrai às cidades com falsas promessas e tiram seus passaportes, assim como qualquer possibilidade de sair daquela vida.
Não sei se é verdade, mas não deixa de ser triste ver aquelas pessoas numa posição tão humilhante em meio a tanta alegria das pessoas que passam rindo, conversando e se empanturrando de tanta comida boa. 


 

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