segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Pelas ruas de Amsterdam - de volta para casa

Meu penúltimo dia de viagem começou com uma surpresa: em vez de correr para pegar o ônibus ou ter que encarar meia hora de caminhada com malas pelas ruas de Dronten, ganhamos uma carona inesperada, de um dos rapazes franceses que mora com minha filha Marina. 
Ele ia levar a namorada também francesa para pegar o ônibus em Amsterdam e trazer outros amigos que chegavam à capital holandesa - um deles dono do carro.
Uma vez em Amsterdam, pegamos um trem e depois um tram (uma espécie de bonde) que nos levou até Musemplein, onde ficam os principais museus da cidade, como o Rijksmuseum.

Musemplein

Chovia um pouco e ficamos muito felizes de não termos que enfrentar a fila quilométrica diante do Museu Van Gogh, já que tínhamos comprado os tickets pela internet. Passeamos um pouco pela praça enquanto aguardávamos o horário marcado e comemos um cachorro-quente numa das barraquinhas existentes.
Pouco antes das 13h, procuramos a lateral do museu e esperamos nossa vez de entrar. O Museu Van Gogh é um fenômeno. Tinha estado lá aos 17 anos, na minha primeira viagem à Europa, e fiquei muito impressionada - com a beleza dos quadros de Vincent e com sua história. Na época conhecia um pouco de pintura graças a uma coleção maravilhosa da Abril Cultural (Gênios da Pintura) e, entre tantos artistas enfocados, tinha um xodó especial por Van Gogh - o pintor que cortou sua própria orelha e que morreu jovem (aos  37 anos) sem ter seu gênio reconhecido. Ele dependia do irmão Theo até para comprar tintas para fazer suas telas.
Não deixa de ser uma ironia: hoje,  pouco mais de um século depois, a arte de Van Gogh enche um museu imenso (com restaurante, lanchonete e loja) e movimenta zilhões de euros. Os quadros dele continuam belíssimos, de uma força expressiva incrível, mas não curto muito perambular por um museu tão cheio. Resumo da ópera: gostei da visita, mas não fiquei tão sensibilizada quanto na visita dos meus 17 anos. Parece que o museu cresceu demais, tem informação demais e talvez eu já estivesse meio cansada naquele dia - e com fome. 
Nem sei quanto tempo ficamos lá e assim que saímos seguimos em direção ao Centro - Dam Square  - para comprar a encomenda que faltava e alguns presentes.
O problema é que não estávamos num dia de consumidoras -  a causa talvez fosse a angústia de saber que no dia seguinte eu já iria deixar minha Marina. Sabe quando dá aquela vontade de sentar e ficar sem fazer nada? 
Caminhamos pelas ruas cheias e, guardadas as devidas proporções, eu tinha a sensação de estar na rua da Alfândega no Rio de Janeiro ou em qualquer rua de pedestres comercial.
Nosso maior sonho de consumo era o fondue desejado desde a noite anterior. Assim que compramos o essencial saímos em busca do restaurante que tínhamos encontrado por acaso no dia anterior. 
Quando chegamos lá, para nossa imensa decepção, o restaurante estava tão cheio que a moça que nos recebeu sequer nos permitiu ficar esperando lá dentro. Estava tão gostoso lá dentro e tão frio lá fora! Que inveja daquelas pessoas sentadas diante de uma panela de fondue!
Saímos e resolvemos voltar para ir ao banheiro e fazer uma última tentativa. Perguntei à moça se ela poderia me indicar outro lugar para comer fondue e ela recomendou um restaurante que ficava na outra esquina.
Para nossa imensa felicidade, o lugar - embora cheio - tinha uma mesa para nós. Encomendamos nosso fondue de queijo (não havia outras opções) que veio com pedaços de pão e vários legumes para mergulhar no queijo derretido. Bom demais! Ainda mais acompanhado de um cálice de vinho tinto.


Depois de refeição revigorante, caminhamos até a Praça Dam, passando novamente pela rua das Red Lights e pela estátua em homenagem à prostituta assassinada. O movimento numa noite de sexta-feira era intenso e eu me senti na Lapa carioca, com uma diferença: sem medo. Paramos para tirar fotos e finalmente pegamos o tram que nos levou até perto do albergue.
A noite não foi das melhores. Nossas duas companheiras de quarto já estavam deitadas e somente com uma luz de leitura. Não estavam muito a fim de conversa. Tivemos que ajeitar as malas e as coisas para dormir meio no escuro e quando finalmente me deitei não conseguia dormir com medo de perder a hora.
Meu voo saía às 9h55 e, de repente, fui assaltada pela dúvida: a que horas deveria estar no aeroporto para um voo internacional? Duas ou três horas antes? Desci para perguntar ao recepcionista do hostel e ele disse que viajava bastante para o exterior e que sempre procurava chegar com pelo menos duas horas e meia de antecedência. 
Diante disso, recombinei a hora do café-da-manhã (o hostel entregava um lanchinho para quem saía cedo) e fui deitar. Nem sei dizer que horas eram. Botamos o despertador de nossos celulares para 5h na intenção de chegar ao aeroporto Schinphol antes das 6h. 
Conseguimos acordar (é incrível como nessas horas não dá preguiça de levantar). Pegamos nossos lanchinhos, o tram para a estação central e o trem para o aeroporto.
Ainda tive tempo de fazer umas comprinhas no Free Shop (eu sabia que não teria tempo em São Paulo) e finalmente me despedi da minha Marina com o coração para lá de apertado, mas meio anestesiado pelo sono e o nervosismo da partida.
Depois de aproximadamente 15 horas de voo (contando o voo internacional em que assisti a quatro filmes e meio e o voo de São Paulo para Cuiabá), cheguei ao aeroporto de Várzea Grande por volta de uma hora da manhã de domingo.
Encontrei o caos de sempre. O motorista, um senhor simpático morador de Várzea Grande, comentou com sotaque carregado.
- Espia aí como tudo está ...
Suspirei desanimada. Dizem que é bom voltar para casa. Será?

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