quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

De volta à realidade

É com pesar que encerro meus relatos da recente viagem à Europa. 
Escrevê-los foi uma forma de compartilhar um pouco do que vivi, mas foi principalmente uma forma de prolongar o sabor de novidade, a imensa alegria de viajar ao lado da minha filha Marina e de atenuar minhas saudades.
Há 40 anos fiz minha primeira viagem à Europa, numa excursão intitulada "Universitários na Europa", organizada pela Agência Abreu (acho que nem existe mais). Na época, tive a feliz ideia de anotar num caderno comum o dia a dia da minha viagem que durou aproximadamente 40 dias. Volta e meia gosto de reler meus relatos e me divirto com o meu comportamento aos 17 anos.
Agora, novamente faço uma viagem ao Velho Continente no papel de mãe e ao retornar ao Brasil faço um diário das minhas aventuras neste diário virtual que é o blog.
O que mudou nesse período? Tanta coisa. A Europa mudou, o mundo mudou e eu naturalmente também mudei, mas ainda resta um quê daquela Martha adolescente, sensível, questionadora e inquieta na Martha de hoje, É claro que estou mais acomodada, mais cansada, porém ainda me inquieto e me incomodo com um monte de coisas. Difícil mesmo é conservar a esperança.
Sei que não posso focar no lado ruim das coisas e que não posso (nem quero) reclamar da vida. Sei que a minha vida é muito boa, comparada com a de muita gente. Mas me incomodo exatamente com isso: o que tenho feito para amenizar o sofrimento de outras pessoas? O que tenho feito para reduzir a corrupção e as injustiças de uma sociedade tão desigual? 
Não era esse o rumo que eu pretendia seguir quando iniciei este post, mas escrever é isso ... colocar no papel ou na tela o que vai dentro de nós, mesmo que seja a maneira com que a gente vê ou sente as coisas que acontecem ao nosso redor.
Não consigo me conformar que duas pessoas - uma criança e um jovem de 20 anos - tenham morrido afogados no Distrito Federal dentro de um veículo por causa de um alagamento, provavelmente decorrente de uma obra mal feita.
Não consigo me conformar com a política penitenciária brasileira que amontoa gente de mais alta periculosidade e ladrões de galinha em prisões, verdadeiros barris de pólvora que, volta e meia, explodem chocando o País, como aconteceu recentemente no Maranhão.
Estou cansada de políticos absurdamente corruptos e caras de pau como José Sarney e sua filha Roseana, que se eternizam no poder graças à ignorância e aos interesses das pessoas que os elegem.
E o que estou fazendo para mudar isso? Será que é possível mudar isso? Como mudar?


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