terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A carona que caiu do céu

De volta à infância
 Minha segunda aventura na Holanda aconteceu logo após o incidente no aeroporto Schiphol.
Como chovia bastante em Amsterdam, desistimos - Marina e eu - de nossos planos iniciais de almoçar no restaurante Vapiano na capital e, depois de um rápido almoço no Burger King dentro da estação central, pegamos o trem para Dronten, a cidade onde ela está morando desde o final de agosto.
Para mim, apesar do cansaço e do susto no aeroporto, tudo era novidade e alegria pelo reencontro com Marina.
Quando chegamos a Dronten, depois de pouco mais de uma hora de viagem de trem, veio o segundo susto. Como era domingo, não havia ônibus, nem táxi para nos levar até a casa da Marina, situada perto da universidade CAH Vilentum.
Eu estava exausta da viagem (tinha saído de Cuiabá por volta de 7h da manhã do dia anterior) e nem um pouco habituada ao clima europeu. Estava muito frio e ventava muito - um vento gelado. Fechei o casaco o máximo que pude e coloquei o capuz para proteger a cabeça e, principalmente, as orelhas. 
Tínhamos que puxar duas malas de rodinha e Marina ainda levava sua bicicleta que tinha sido deixada no estacionamento junto à estação.
Procurei saber quanto tempo levaria nossa caminhada.
"É longe" - respondeu Marina.
Eu não imaginava quão longe seria, mas tive a oportunidade de fazer esse mesmo trajeto outras três vezes durante a minha estadia em Dronten e posso assegurar que levou uns 35 minutos.
Nesse dia, por sorte, não cheguei a completar o trajeto a pé. Ainda bem, porque acho que não conseguiria ou, na melhor das hipóteses, ficaria com muita dor nas mãos pelo esforço de puxar a mala. 
Quando ainda nem tínhamos chegado à metade do caminho, vimos um carro parado e Marina resolveu pedir uma informação ao motorista sobre um possível atalho. Enquanto ela falava com o motorista, fiquei rezando por uma carona, embora minha filha tivesse me dito que caronas eram praticamente impossíveis em Dronten.
Pois o cara ofereceu a carona e nós aceitamos. Loucas? Talvez, mas foi uma questão de sobrevivência.
O motorista era marroquino e morava em Dronten há algum tempo. Ele nos levou até a casa da Marina e ainda se ofereceu para levá-la de volta para pegar a bicicleta que ficou lá, no ponto onde entramos no carro.
Marina ficou meio na dúvida sobre voltar sozinha com o rapaz, mas como ele disse conhecer um de seus colegas de curso ela aceitou a oferta. 
Fui me ambientando com a casa enquanto a esperava, naturalmente preocupada.
Ela chegou uns 15, 20 minutos depois e pude tomar um bom banho, jantar e ainda tomar um cálice do vinho deixado de presente por um de seus colegas de casa. Acho que foi o melhor vinho que tomei na minha vida ...
No dia seguinte, depois de uma ótima noite de sono, fomos ao Centro de Dronten para comprar coisas para o almoço. Um colega do Ciência sem Fronteiras da Marina emprestou sua bicicleta para mim e tive o prazer de me sentir uma "Dutch" por algumas horas. Aproveitamos a ida ao Centro também para comprarmos algumas lembranças (comestíveis) para a família que encontraríamos em Mönchweiler (Alemanha) no dia seguinte... 
 Mas isso fica para o próximo capítulo.

Supermercado em Dronten

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