terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Praga é uma festa! (parte final)

Hoje encerro - com pesar -  minha visita virtual a Praga. No nosso segundo dia de passeios pela capital da República Tcheca visitamos o Museu de Franz Kafka e, para chegar até ele, atravessamos mais uma vez a Charles Bridge. 
Nossos passeios eram sujeitos a improvisos (como é bom isso!) e quando vimos alguns turistas entrando por uma portinha seguimos atrás. Era o acesso para subir na torre da ponte. Gastamos algumas coroas tchecas no passeio, mas valeu a pena. De lá, tivemos uma bela visão de Praga, mesmo que o dia estivesse um pouco nublado.


A Ponte Carlos é outra referência de Praga. É a mais antiga da capital e a segunda mais antiga da República Tcheca. Sua construção sobre o rio Moldava (ou Vitava) começou em 1357, sob os auspícios do rei Charles IV, e terminou no início do século XV. Fiquei imaginando que loucura deve ter sido construir uma ponte daquela envergadura no final da Idade Média. 
Hoje a ponte é palco de um verdadeiro footing, com a passagem ininterrupta de turistas, que param para admirar a paisagem, as estátuas, as quinquilharias e souvenirs vendidos nas barracas ao longo da Charles Bridge, e os músicos que disputam espaço em troca de seu ganha-pão.


O Museu de Franz Kafka fica junto ao rio, do outro lado da ponte, para quem sai de Old Town. É um museu contemporâneo, interativo e bem estruturado, com fotos, vídeos e naturalmente muita informação sobre o mais célebre escritor tcheco. Conheci a obra de Kafka na adolescência e fiquei muito impressionada com a leitura de "O Processo" e "Metamorfose", mas não me lembrava de muita coisa sobre sua vida. O escritor é uma daquelas personalidades angustiadas desde a infância (pai e sociedade opressoras) e me impressionou bastante saber a comoção provocada pela leitura em público de um de suas obras mais perturbadoras, "A Colônia Penal", em que descreve com detalhes um aparelho criado para a tortura de presos.
Depois de mergulhar no universo kafkaniano por aproximadamente uma hora, confesso que cansei por alguns instantes. Meus pés doíam muito dentro das botas e me sentei por alguns minutos às margens do rio Moldava para ver se conseguia acomodá-los melhor. Enquanto isso, admirei a paisagem.



Depois disso retornamos a Old Town pela nossa já querida Charles Bridge e nos dedicamos à compra de alguns souvenirs, após um sanduíche e um sorvete de casquinha. Logo escureceu. A gente se despediu do relógio astronômico e fomos atrás de um bar indicado por um amigo de Marina: o Vytopna Railway, onde as bebidas são servidas num trenzinho. Como não tínhamos feito reservas, conseguimos uma mesa bem no fundo (junto aos toilettes) e ficamos apenas o tempo necessário para conhecer o lugar e tomar nossas cervejas. 



A moça do hotel tinha nos dito que o Deminka, o restaurante visitado na primeira noite por acaso, tinha boa música ao vivo e, embaladas pelas boas lembranças do local, resolvemos voltar lá. Não tinha música, mas acabamos ficando para mais uma cerveja.
Sabe o que mais curti em Praga? O prazer de me misturar às pessoas - turistas ou não - e de poder caminhar tanto pelas ruas sem medo (embora tenha sido advertida para tomar cuidado com a bolsa) e sem morrer de calor.
Curti demais também a música de Praga, seja ela feita nas ruas por artistas anônimos (como um cantor maravilhoso que estava se apresentando à noite junto à árvore de Natal em Old Town),  ou feita nos bares e restaurantes, nas igrejas e salas de concerto. 
Ah como gostaria de ter mais tempo para desfrutar de toda essa música! Sinceramente, tenho me sentindo bem deslocada diante da maior parte da música produzida e ouvida em nosso país.




2 comentários:

Terezinha Costa disse...

Foi na Charles Bridge que o David descobriu uma coisa muito interessante. Ele geralmente não gosta de ver imagens religiosas cristãs porque acha que são deprimentes, os santos sempre muito sérios, quando não com aquela cara de martírio. E então, quando caminhávamos na ponte de Praga, ele viu na amurada uma estátua em que o santo está rindo! É Santo Estanislau, se não me engano.Desde então passei a prestar atenção em tudo que é santo. Ainda não vi nenhum outro rindo.

Martha disse...

Adorei o comentário! Passei pelo menos três vezes na ponte, mas não reparei nesse santo que ri. Achei as estátuas fantásticas, mas era informação demais para absorver tudo.