quinta-feira, 18 de junho de 2009

Chacrinha

Já faz mais de 48 horas que não escrevo nada neste blog. Não gosto muito de escrever à noite, já estou cansada. Hoje, na verdade, evitei escrever porque me sinto obrigada a falar sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalista e não sei o que dizer.
Em princípio, achei ruim. Fico incomodada de ver minha profissão depreciada, mas reconheço que aprendi pouca coisa no curso de jornalismo da UFRJ que tenha contribuído para minha atuação como jornalista. Reconheço também que me angustiava muito quando era professora de jornalismo e me questionava se realmente estava contribuindo para que meus alunos fossem melhores jornalistas.
Li hoje depoimentos de colegas de Mato Grosso se questionando o que vão dizer a seus pais que investiram no seu curso superior. Acho que essa questão é de menos importância. A questão crucial para mim é: fazer faculdade torna as pessoas melhores jornalistas ou não? Ressalto aqui o que considero essencial como jornalista: informar bem, ser claro, não tirar proveito pessoal da profissão em detrimento da informação ao público, ajudar as pessoas a se posicionarem melhor diante do mundo. Caso a resposta seja não, o que está errado nos cursos de jornalismo, ou melhor, o que poderia ser aperfeiçoado no curso de jornalismo?
Hoje, conversando com duas enfermeiras, ouvi barbaridades sobre médicos em atividade. História de arrepiar sobre profissionais que esquecem compressas na barriga de pacientes, que ficam brabos quando são acordados durante o plantão ou incomodados durante uma festa porque deixaram de fazer o seu papel de médico, ou ainda que não sentem a menor emoção de dizer a um marido que ele acabou de perder a mulher e ainda ficou com dois filhos gêmeos para criar. Segundo elas, menos da metade dos médicos demonstra algum sentimento em relação ao ser humano e a maioria só pensa em ganhar dinheiro. Imagine tirar a obrigatoriedade do diploma de um médico, mas ter o diploma não os impede de cometer crimes e ferir os princípios de sua profissão.
Enfim, depois de ouvir ontem o senador José Sarney dando uma de ofendido por ser acusado de favorecer sua família com atos secretos e ainda ouvir o ex-sindicalista Lula sair em defesa desse rebotalho da ditadura, estou tão decepcionada com a humanidade que nem sei o que dizer. Acho que depois de tanta besteira, só recorrendo mesmo ao velho Chacrinha: "Eu não vim aqui para explicar, mas para confundir".

Nenhum comentário: