terça-feira, 2 de junho de 2009

Desejo

Li outro dia no meu livro sobre cabala que o que move a gente é o desejo. Quando não há desejo - de comer, de amar, de abraçar, de mudar de vida, de qualquer coisa - é como se nos transformássemos num boneco, que se move, fala, faz coco, xixi, dorme, mas não tem alma ou espírito ou sei lá o que.
Era assim que eu estava me sentindo nos últimos dias: uma pessoa sem desejo, sem vontade de viver, insossa, sem importância. De repente, não mais que de repente, as coisas banais voltam a me motivar: a comida gostosa da Cida, uma vontade de comer couve refogada, o prazer de almoçar junto com minhas filhas, de ouvir suas risadas e inquietações, de ajudar minha filha caçula a estudar inglês para a prova do FCE, e até - pasmem! - de comemorar meu aniversário. Fazendo o que? O que mais gosto de fazer: ouvindo música no Chorinho, cantando e - quem sabe? - até dançando.
O mundo continua a mesma merda de sempre, aviões caem sem qualquer lógica aparente, pessoas morrem, passam fome, passam frio e, eu, aqui no conforto do meu lar, sinto novamente meu coração se encher não mais só de pesar, mas também de amor. Isso talvez não me traga explicações para aquelas perguntas metafísicas, mas me traz conforto. É pouco? Talvez, porém, pelo menos, por algum tempo, deixa eu ficar com essa sensação boa.

Um comentário:

Dete disse...

Puxa, Martha, que bom ver voce feliz de novo. Que bom ver voce desejando, mesmo que seja comer couve. Sao as pequenas coisas que tem mais significado na vida.
Bjs,