Meu humor anda tão instável quanto o de uma adolescente. Tem dias em que acordo terrivelmente triste e desanimada; em outros, como hoje, inexplicavelmente, minha cabeça parece no lugar e consigo me entusiasmar diante das tarefas ordinárias do dia-a-dia.
Não posso dizer que minha vida seja exatamente uma rotina, já que sou jornalista e jornalistas não deveriam seguir uma rotina rígida, mas sempre que caio numa espécie de rotina e me sinto aprisionada na "redação" acabo ficando angustiada e infeliz.
Isso me remete a um pensamento que me veio à cabeça nos últimos dias. Por que escolhi ser jornalista/repórter (você pode ser jornalista sem ser repórter)? Por achar que a profissão de jornalista me daria permissão para visitar locais inusitados, conhecer pessoas (famosas ou não) com as quais não falaria habitualmente, ouvir suas histórias, me emocionar. Em outras palavras, ser jornalista me permitira sair do meu mundinho, me daria motivos (ou melhor, me forçaria) a vencer minha timidez, que não sei se é natural ou de uma certa forma imposta pela família.
Ao longo do tempo, o jornalismo me possibilitou isso muitas vezes, porém sempre que me sinto frustrada, sinto que feneço. É claro que nem sempre isso ocorre apenas por força das circunstâncias externas, existe um lado meu que é medroso e tende a se acomodar, e até sonha com o conforto da proteção de alguém de fora. E sempre que me toco que, em última instância estou sozinha, sofro, porém de alguma forma acabo saindo mais fortalecida.
PS. De repente me deu vontade de dedicar esse post a meu cunhado, Ivo, que faria 79 anos (é isso mesmo?) hoje. Engenheiro do antigo DNER, ele foi uma pessoa muito significativa num período da minha vida. Culto, dono de uma biblioteca muito boa e de discos idem, sempre me recebeu em sua casa e seu coração com muito carinho e admiração. Tenho saudades de nossas viagens a Teresópolis, nossos almoços e jantares regados a boas bebidas e nossas conversas intermináveis. Bons tempos ...
Um comentário:
Martha,
Tambem fui ser jornalista com esperanca de desbravar o mundo, causar um impacto, viver uma vida diferente. Mas sera que isso tudo 'e coisa da profissao, ou somos nos que temos de descobrir dentro de nos mesmas essa garra, essa vontade de mudar, de viver plenamente? Tenho uma amiga aqui nos EUA que trabalha limpando casa, uma profissao nada charmosa diga-se de passagem. Mas ela consegue encher a vida de criatividade, de aventuras... A profissao, como voce diz num outro dos seus posts, 'e so mesmo pra pagar as contas. Desde que parei de ser jornalista me conscientizo cada vez mais disso. Hoje passei o dia escrevendo um relatorio chatissimo sobre um aparelho pra diabeticos que ninguem que tenha alguma coisa na cabeca jamais usara. Mas mesmo escrevendo aquele relatorio chatissimo ainda consegui ser um pouco criativa, criando graficos originais com power point e outras coisas mais... Enfim, o que quero dizer 'e que o que a gente tem dentro de nos mesmos nao morre. O seu sonho de descobrir o mundo sempre continuara la, independente da profissao que voce exerca. Desde que voce nao se proiba sonhar...
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