sábado, 14 de junho de 2008

Aniversário

Quando a gente vai ficando mais velha, tem uma relação dúbia com o aniversário. É ao mesmo tempo uma celebração de vida e a certeza de que os anos estão passando. Vivemos num mundo em que se celebra loucamente a juventude, a beleza, onde homens e mulheres, principalmente, nós mulheres, morremos de medo de envelhecer, como se a idade fosse roubando nossos sonhos, nossas esperanças, nossa ingenuidade. Envelhecer é supostamente ter respostas para tudo, é não ter ilusões, é não ter dúvidas, como achávamos que nossos pais deviam ser.
Mas não é assim, cada vez temos mais dúvidas e necessidade de acreditar que tudo valeu e vale a pena. Cada lágrima, cada sorriso, cada passo, cada decisão, que de alguma forma a gente imprimiu e está imprimindo nossa marca no mundo.
Para mim a coisa mais gostosa de fazer aniversário nem é ganhar presentes, é sentir o carinho de cada pessoa, de cada amigo, cada parente que se conecta comigo, por telefone, email, mensagem de orkut ou pessoalmente. É a possibilidade de ser sentir querida, amada, importante. É o carinho das filhas que fazem bolo, brigadeiros e beijinhos de surpresa. Que surpresa boa! É também a ausência dos que não ligaram, mas que a gente sabe que pode ter sido apenas um esquecimento. Afinal, eu também me esqueço de alguns aniversários de pessoas muito queridas.
Por isso sou grata a cada mensagem e pensamento de carinho. Só por isso valeu a pena ficar um ano mais velha. Mas, voltando ao início desta história, qual a importância de ficar mais velha quando a gente ainda se sente tão criança por dentro?

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