terça-feira, 22 de novembro de 2011

No caminho das águas do Prata

A rota do Prata sempre me fascinou. Sou apaixonada por histórias envolvendo pessoas que navegaram pelo caminho das águas no final do século XIX e no início do século XX, inclusive, esse foi o pano de fundo do livro que escrevi sobre Cáceres e minha querida Estella Ambrósio (Cantos de Amor e Saudade, Entrelinhas, 2005).
Por isso, fiquei encantada com o livro "Italianos em Mato Grosso: Fronteiras de migração no caminho das águas do Prata. 1856 a 1914", da historiadora Cristiane Thaís do Amaral Cerzósimo Gomes, que será lançado (Entrelinhas, tendo como co-editora a EdUFMT) amanhã, dia 23, no espaço climatizado da Choperia do Sesc Arsenal, a partir das 19h30m.
Embora seja resultado de uma tese de doutorado para a PUC-SP, o livro tem uma linguagem bem acessível e narra as aventuras de italianos que chegaram a Mato Grosso no período analisado, pela rota do Prata, ou seja, passando pela Argentina e pelo Paraguai, antes de chegar ao Brasil, via Corumbá. Muitos seguiram até Cuiabá, outros fincaram raízes em Cáceres e muitos acabaram se casando com representantes da elite local, no que a autora chama de "processo de inserção sociocultural através do casamento".
É uma história com muitos sobrenomes - Ricci, Fragelli, Capriata, Maiolino e Lotufo, entre outros -, sendo alguns mais familiares para mim, como o de José Dulce - o genovês que desembarcou em Cáceres, no início do século passado, e esteve à frente de dois empreendimentos fundamentais para a região: a loja "Ao Anjp da Ventura" e o vapor Etrúria, personagens importantes do meu livro.
Descendente de italianos que fizeram essa rota, Cristiane vem se especializando no tema e tem outro livro publicado pela Entrelinhas/EdUFMT: "Viveres, fazeres e experiências dos italianos na cidade de Cuiabá. 1890-1930" (2005). É um trabalho consistente, cuja importância, na minha opinião, transcende Mato Grosso porque fala de migração, do sonho de progredir em outras terras que embala a humanidade e faz o mundo se mover há séculos.
 


Nenhum comentário: