quarta-feira, 11 de março de 2009

Ritos de sobrevivência

Por que é tão difícil expressar nossos sentimentos? E por que, quando expresso meus sentimentos, eu me sinto não raro inadequada? Deixe-me explicar melhor: sentimentos, emoções vêm em geral num turbilhão e nem sempre são positivos. Eu acho que, no fundo, eu queria - ou melhor, eu acho que deveria - ser como Madre Teresa de Calcutá. Não a conheço pessoalmente, é claro, mas admiro sua obra, sua dedicação aos pobres e desprotegidos. Porém, não sou. Ponto. Isso não me torna uma pessoa má, porém não sou tão boa, generosa, altruísta quanto gostaria de ser (ou deveria ser).
Por que estou falando tudo isso? Hoje, estou com a cabeça e o coração um pouco confusos e com emoções conflitantes. Sei que preciso focar no que é importante: o trabalho, o cumprimento de minhas obrigações como mãe, cidadã, funcionária de uma empresa, etc. Mas isso quem manda é a razão. E os meus sentimentos, minhas emoções, onde ficam? A mãe de uma amiga próxima está no hospital entre a vida e a morte. O sofrimento da minha amiga me comove e fico me sentindo mal por estar me dedicando tão pouco a ela.
Nos ensaios do Cantorum, o encerramento sempre é feito com uma oração e um Pai Nosso. Dou as mãos às pessoas do meu lado porque faço parte do grupo, mas eu me sinto meio mal de ficar ali quieta e, ao mesmo tempo, não consigo rezar com eles porque as palavras do Pai Nosso me parecem sem sentido. Eu me sinto uma impostora por não dizer isso a meus colegas de coral.
Enfim, para viver em sociedade a gente acaba se omitindo, seguindo alguns ritos de sobrevivência. Estar ali com meus colegas de coral é um desses ritos de autoproteção.
Talvez, hoje eu tenha escrito um dos posts mais confusos da minha breve vida como blogueira, mas se eu não postá-lo não estarei sendo sincera comigo mesma, que é uma das propostas deste espaço, cá entre nós.

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