terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Chapada dos Guimarães (Que turismo é esse?)

Neste fim de semana visitei a Chapada dos Guimarães (60 km de Cuiabá) com uma amiga e sobrinha. O passeio confirmou algumas coisas que eu já sabia:
1- A Chapada é linda!
2- Não é fácil fazer turismo na Chapada.
Vou começar pela estrada: para mim, que dirijo com alguma dificuldade por causa do meu ceratocone (sempre de dia, nunca à noite), o percurso entre Cuiabá e Chapada apresenta algumas dificuldades. O primeiro trecho - quase urbano - é feito numa via de mão dupla, bastante movimentada. Depois vem um trecho de duas pistas, porém a alegria dura pouco e logo nos deparamos com um trecho em obras e sem asfalto. É curto, mas está bem esburacado e irregular.
Depois a gente prossegue pela MT 251 (rodovia Emanuel Pinheiro) tradicional: muito bonita na maioria dos trechos, mas com alto risco  e incidência de acidentes.
Chegamos à Chapada por volta de 10h30 (um pouco tarde demais) e resolvemos checar nossas acomodações na Pousada Aurora Boreal, bem no Centro, onde já tínhamos uma reserva. Uma vez estabelecidas, saímos para dar uma volta e fomos até uma agência de turismo próximo. Lá descobrimos que não poderíamos fazer mais nenhum programa com guia, já que os passeios precisam ser agendados até 11h. Pegamos algumas informações e ficou meio combinado uma ida ao Circuito das Águas no dia seguinte. Almoçamos uma comida gostosa e honesta no restaurante Felipe e decidimos ir ao Espaço Aventura. Eu tinha conversado com um dos donos por telefone e entendi que lá havia uma cachoeira onde poderíamos tomar banho. Não tinha ou pelo menos ela não era acessível. O passeio foi gostoso, mas acabamos desperdiçando a oportunidade de um reconfortante banho de cachoeira.
O Espaço Aventura é legal e o pessoal é muito acolhedor e simpático. Percorremos a Sensitrilha - uma pequena trilha preparada para deficientes visuais, porém optamos por não desfrutar dos produtos disponíveis (arborismo, tirolesa, paint ball, arco e flecha, tiro ao alvo, etc). Quando resolvemos ir embora em busca da cachoeira começou a chover forte, o que nos obrigou a mudar os planos.
Passeamos pela cidade, comemos bolo no Centro (na simpática Anis) e conseguimos por sorte encontrar um guia independente que se dispôs a nos levar ao Parque (Circuito das Cachoeiras) no dia seguinte por um preço menor que o da agência.
À noite, tomamos cerveja, comemos empada e finalizamos com um caldo no restaurante Pomodori ao som da dupla Lorena Lye e Joelson Conceição (muito bom).
Fomos dormir felizes com a perspectiva da ida ao encontro das sete cachoeiras. Acordamos relativamente cedo e antes de deixarmos o hotel começou a chuva, que caiu sobre Cuiabá o dia inteiro. Chuva é importante, é bem-vinda, mas logo no dia em que eu queria tomar banho de cachoeira!  Movidas pela esperança, fomos de carro até a entrada do Mirante do Véu da Noiva para que o guia pegasse as chaves do acesso ao Circuito das Águas. Depois que o ICM Bio tomou conta do Parque é assim que as coisas funcionam: com visitas agendadas e sempre com o acompanhamento de um guia credenciado.
É claro que isso tem um lado positivo, mas juro que tenho saudades da época - há seis anos ou menos - quando era possível tomar banho nas cachoeiras do Parque Nacional sem tanta burocracia.
Nossa primeira caminhada foi até o Mirante do Véu da Noiva. Criaram uma trilha nova, "protegida" por telas de plástico laranja, que estão despencando em muitos trechos. Eu preferia o caminho antigo que passava na frente do restaurante, que continua ativo, porém bem menos movimentado.
Tivemos que retornar à guarita para voltar à rodovia e seguir alguns metros adiante (na direção de volta à Chapada) para passar pela porteira (aberta com a chave pega na guarita pelo guia) e seguir por 3,5 km de estrada de chão até o início da trilha do Circuito das Águas. O passeio começou por volta de 11h e durou cerca de quatro horas, debaixo d' água literalmente. Choveu o tempo todo. Tentei me proteger da chuva durante um tempo, mas depois desisti. Voltei encharcada. Meu tênis (ainda bem que era velho) desmanchou e ficou na pousada. Apesar da frustração pelo fato de o sol não ter mostrado a cara e a impossibilidade do banho (de cachoeira) pelo fato de todas estarem com água muito barrenta e com muito volume, o passeio foi gostoso.
Só não gostei muito de um pequeno susto: quando estávamos na última parada (uma caverna chamada de Casa de Pedra), ouvimos um som alto (voz masculina) e o guia achou melhor a gente ir embora rapidamente.Em tese, não deveria haver ninguém no parque (não havia registro de outros grupos de turistas), portanto, segundo o guia, essa(s) pessoa(s) que estava lá podia ser "do bem ou do mal". Na dúvida ... Confesso que fiquei assustada e queria sair de lá o mais rápido possível. Sorte que já estávamos bem próximos do local onde o carro estava estacionado. No caminho vimos rastros de bicicleta.
O carro estava intacto. Retornamos até a guarita do Mirante para devolver a chave e voltamos para Chapada. Logo depois, tomei o rumo para Cuiabá. Minha sobrinha decidiu ficar mais um dia, mas essa já é outra história que cabe a ela contar. Ou não.
Recebi hoje de manhã um email do ICM Bio me convidando para responder a uma pesquisa sobre satisfação com o passeio realizado.  Ainda bem que tinha um espaço para comentários, onde inclui algumas das questões abordadas aqui. Espero que alguém leia e leve minha opinião em consideração.
Já ia esquecendo de criticar mais uma coisa: fecharam (as autoridades) o Balneário da Salgadeira, que também faz parte do Parque, há um tempão. Situado bem no início do parque, era o local preferido pelo povão, a turma da farofa, que ficava bebendo cerveja e tomando banho junto aos bares e restaurantes instalados no local. Eu não gostava de ir lá e de ver tanta gente bebendo, sentada na murada junto à rodovia, mas acho muito triste ver toda área cercada por tapumes, sem que ninguém possa desfrutá-la.
Que turismo é esse?

 

Um comentário:

Su disse...

É verdade, Martha. Resolvi ir ao MT, para conhecer a Chapada e Nobres. Ao começar as pesquisas, fui tirando dias da Chapada e incluindo Pantanal e Cáceres.
Agora estou quase tirando ela totalmente do roteiro. Não tem condições essa Chapada. Tudo com guia, parte dos atrativos fechado, parte exige 4x4 o que faz o orçamento ir às alturas. Terrível.