quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Autoavaliação

Hoje, cá entre nós, vou fazer aproveitar parte do meu horário de almoço, para fazer um post bem confessional.
Há alguns dias venho me fazendo a pergunta "o que eu não quero ver?" por sugestão de minha acupunturista.
Na terça-feira, acho que cheguei a uma resposta, que já foi devidamente comunicada à médica.
A resposta é meio louca, mas faz sentido.
Sou caçula, "raspa de tacho" e, portanto, fui muito mimada numa família de mulheres superprotetoras e extremamente afetuosas com filhos, sobrinho, netos, etc.
Quando meu pai morreu, eu tinha cinco anos e meio e passei a ser "a razão da existência" da minha mãe (juro que não inventei isso, ouvi ela falar algo assim diversas vezes).
Logo depois da morte de meu pai, duas das minhas irmãs se casaram, mas continuamos muito próximas e eu passei a morar com minha mãe e minha irmã 13 anos mais velha.
Na minha cabeça, eu deveria ser uma pessoa frágil e dependente. Pessoas frágeis e dependentes merecem - pelo menos na minha família - cuidados redobrados e mimos especiais.
Acontece que não sou isso. Quando era adolescente percebi que a independência financeira era algo valioso, inegociável - a chave para a liberdade. Fiz faculdade e comecei a trabalhar antes de me formar na profissão escolhida - jornalismo -, que podia não dar muito dinheiro, mas me parecia digna e muito atraente por me abrir as portas de um mundo totalmente novo.
Eu ia bem na profissão construindo uma carreira respeitável, mas eis que o trem da minha vida (licença, Dete) tomou um rumo inesperado, em direção ao Pantanal mato-grossense. Larguei emprego, casa, amigos para iniciar uma nova vida ao lado de um homem que trazia um sopro novo (ou seria um vendaval?). Por algum tempo, abri mão de minha independência financeira e pago um preço por isso até hoje.  Criei minha família, me lancei em novas experiências profissionais e me mudei novamente (sem o marido provedor e com as crias) para uma capital.
Aqui estou. O que eu não quero ver? Não sou fraca e fica ridículo fazer o papel de "coitadinha de mim". Fiz escolhas (algumas certas, outras nem tanto, mas a gente não tem como acertar em tudo, né?) e vivo as consequências de muitas delas. Poderia ter uma situação financeira mais estável? Claro que sim. Teria inteligência suficiente para estar em cargos mais desafiadores e bem remunerados? Acredito que sim, mas me faltou uma dose maior de coragem e autoconfiança.
Essa sou eu - uma pessoa cheia de contradições, que queria mudar o mundo, mas tem dificuldades para "se" mudar.
 

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