quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Anjos

Sei que a acupuntura nada tem de mágica. A medicina ocidental já incorporou esse conjunto de conhecimentos e práticas ao seu dia a dia e há evidências do quanto pode ser benéfico se submeter ao tratamento com agulhas.
Na minha família, algumas pessoas têm uma relação boa e produtiva com a acupuntura, principalmente para o tratamento de dores (coluna).
A primeira vez que tive um contato mais duradouro com a acupuntura foi há uns 25 anos quando morava no Rio de Janeiro e queria me livrar da minha asma e outras complicações de fundo alérgico e emocional. Comecei a frequentar o consultório de uma acupunturista de origem oriental (não me lembro se era japonesa ou chinesa). Ela condicionou qualquer êxito no tratamento a uma dieta rígida, à qual me dediquei de corpo e alma por mais de um ano. Eu não comia carne vermelha, embutidos, queijo amarelo, nem tomava bebidas alcóolicas ou refrigerantes, ou seja, seguia uma alimentação bem natural, com muito consumo de proteínas de soja, grãos e vários alimentos integrais. Eu me lembro de que emagreci bastante e fiquei com um corpo ótimo e uma disposição de fazer inveja. Não sei ao certo o quanto melhorei das asma e da rinite, já que também fazia tratamento com homeopatia.
A questão é que abandonei totalmente minha dieta quando vim morar em Mato Grosso em 1988. Ninguém me forçou a nada. Simplesmente era impossível não comer carne vermelha passando temporadas longas numa fazenda do Pantanal, que tinha na carne bovina sua principal fonte de alimento. Era dificil para mim me adaptar à cultura local sem cair de boca nos churrascos. Aos poucos, voltei a ser carnívora. Esqueci de dizer que já tinha voltado a beber antes disso.
O fato é que luto até hoje com meus problemas de alergia, embora esses não sejam, na minha opinião, minha principal preocupação em termos de saúde.
Em 2007, tive a segunda experiência duradoura com a acupuntura. Na época, tinha passado por um baque emocional forte e estava imensamente triste. Uma amiga pediatra, Márcia, sugeriu que eu procurasse a dra Satico, que ela conhecia de um curso de especialização em acupuntura.  Consegui marcar a primeira consulta e frequentei seu consultório por mais de um ano. De origem japonesa, Satico nunca me exigiu nada em termos de dieta e me ajudou muito a superar aquele momento doloroso. Ela colocava agulhas para me reequilibrar e conversava muito comigo, era quase uma terapeuta. Eu chorava ... Tudo isso a um custo praticamente zero, já que as sessões eram pagas pelo plano de saúde.
Quando eu me senti mais fortalecida e cansei um pouco de ir lá toda semana, parei.
Uns três anos depois tive vontade de voltar, mas não consegui vaga. A gentil secretária da dra Satico disse que ela só estava abrindo vagas para casos muito graves ou de muita dor. Não era o meu caso. Ela me indicou outro profissional que cheguei a frequentar, mas não fiquei satisfeita.
No ano passado, por volta de outubro, estava tão desesperada com minha vista que resolvi ligar para a dra Satico, já que meu oftalmologista - de quem gosto muito - me disse que não havia nada mais a fazer em relação ao desconforto provocado pelo ceratocone. Meus olhos viviam irritados, com a sensação de areia... Era um tal de tira a lente, bota a lente, põe corílio, sem muito sucesso.
Quando eu estava para terminar minha primeira fase com a Satico ela me contou um dia que tratava de ceratocone. Meu oftalmologista não botou fé, porém achei que eu não tinha nada a perder.
Consegui a promessa de uma vaga em janeiro e ontem recomecei o tratamento. Foi tão bom! Ainda não sei o que vai acontecer, mas a dra Satico já me passou um dever de casa: fazer uma espécie de massagem nos dedos médios e procurar resposta para uma pergunta: o que eu não quero ver?
Raramente coloco o título de um post antes de escrevê-lo e neste eu fiz isso: "Anjos" é o título. Eu não acredito em anjos, mas eles existem. Creio que a dra Satico é um deles. Com sua aparência frágil, ela é uma pessoa boníssima, uma médica que realmente faz bem às pessoas como, aliás, muito médicos que já conheci em Cuiabá: profissionais dedicados, estudiosos, que conseguem estabelecer um vínculo afetivo com o paciente, mesmo que seja numa consulta de plano de saúde.
A dra Satico, ao dr Marco, à dra Zuleide, à dra Rafaella, ao dr Luiz Augusto, à dra Keyla, à dra Marta e, especialmente, ao dr Gabriel, todos de Cuiabá, agradeço o carinho e a atenção dedicados. Meus agradecimentos também a todos os médicos que já cuidaram de mim, principalmente, o dr Nestor (de Cáceres, já falecido), e o dr Marcos Bicudo (do Rio de Janeiro).
Para conhecer um puco mais sobre acupuntura, clique em http://saude.hsw.uol.com.br/acupuntura.htm

2 comentários:

Dete disse...

Que legal, Martha. Acredito piamente em acupuntura, reflexologia, reiki e outros tratamentos ditos “alternativos”. Mas, acredito principalmente em anjos. Pessoas que aparecem do nada para nos ajudar. E que pergunta interessante que seu anjo fez: o que você não quer ver? Dá realmente o que pensar... Bjs

Martha disse...

Ainda não descobri a resposta ...