quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sons do Pantanal

Já mencionei algumas vezes o meu amor incondicional pelo Pantanal, que não é para mim uma utopia. Conheço razoavelmente o Pantanal, seus humores, calores e outros detalhes que desafiam a paciência de quem está lá a passeio ou não. O Pantanal é maravilhoso, mas tem mosquito, tem hora que chove demais e tem hora que esquenta demais.
Apesar disso guardo memórias magníficas de minha temporada por lá, que foi mais intensa entre os anos de 1989 e 1995.
Tudo isso para dizer o quanto mexe comigo o pedido do regente do Madrigal do Avesso para que cada cantor escolha dois animais do Pantanal e imite seu som. Estamos ensaiando a música "Cunhataiporã" de Geraldo Espíndola e ele quer fazer uma introdução com sons do Pantanal, que deve ficar maravilhosa. Não sei se um dia vamos apresentá-la publicamente, mas como exercício é interessante.
Na semana passada, Carlos Taubaté cobrou de cada um os dois bichos e eu fiquei meio paralisada. Hoje é dia de ensaio e, mais uma vez, estou apreensiva com a cobrança.
Andei pesquisando sons de pássaros, conversei com amigos e parentes com experiência de Pantanal, pesquisei no YouTube. Eu me identifiquei com o som do urutau, um pássaro noturno, estranho, também conhecido como Mãe da Lua e Pássaro Fantasma. Seu som é triste, mas bonito. Não é uma ave típica do Pantanal, porém também está presente nesse bioma. Li em algum lugar que ela canta por um amor perdido e me identifiquei imediatamente com o urutau, que ainda por cima tem a capacidade de se camuflar (será timidez?)


Ainda preciso encontrar outro bicho para imitar. Alguns amigos sugeriram curicaca e anhuma, que achei difícil de reproduzir. Vou ver se chego mais cedo ao ensaio para trocar ideia com os colegas
Seja como for. os sons do Pantanal estão dentro de mim e não me julgo capaz de reproduzir sua beleza. Morro de saudades do tempo em que vivi na fazenda e acordava com a algazarra dos pássaros nos coqueiros (periquitos, pagagaios, araras, etc). Adorava dormir com a sinfonia de sapos, rãs e pererecas, mesmo acordando molhada de suor.
Sabe aquela expressão "eu era feliz e não sabia"? No meu caso, eu era feliz e sabia, pois gostava mais de ficar na fazenda do que na cidade. Mas, tudo passa e hoje os sons do Pantanal estão distante de mim.
Por incrível que pareça, eu tenho acesso livre a uma fazenda no Pantanal de Cáceres, que fica bem perto da Recreio, onde vivi essa fase da minha vida. Nunca consigo encontrar tempo para passar uns dias lá. Preciso providenciar isso urgentemente. Voltar ao Pantanal é uma necessidade. Sei que não vai ser fácil, porém preciso escutar novamente esses sons, sentir os cheiros e admirar a paisagem pantaneira. 
Se eu fizesse uma daquelas listas de "coisas que preciso fazer antes de morrer", a volta ao Pantanal estaria no topo.

Nenhum comentário: