sábado, 12 de maio de 2012

Maternidade

Não quero ir para Cáceres sem deixar meu post alusivo ao Dia das Mães. É uma data comercial? Claro, mas nem por isso nós, mães, deixamos de nos sensibilizar com alguns mimos filiais.
Ontem, por exemplo, minha filha mais velha (que foi para Cáceres) me avisou que comprou um presentinho para mim com o dinheiro ganho com seus neurônios arquitetônicos. Fiquei feliz porque achei que ela não se tocaria de separar alguns reais de seus parcos vencimentos para aquela que a acompanha e mima desde os primeiros momentos de vida. Quanto à caçula, está longe e ainda não tem vencimentos próprios, por isso ficarei feliz com sua atenção a distância.
No final do expediente de ontem, vi algumas moças cumprimentando uma colega e estava tão desligada que lhe perguntei se era seu aniversário. "Não é por causa do dia das Mães", responderam as outras e ficamos rindo porque a "cumprimentada" erta a única mãe do time delas. "Não estamos tendo tempo de fazer filhos", argumentaram as outras, que naturalmente também me cumprimentaram pelo dia das Mães.
São mulheres na faixa dos 30 anos, casadas, namoradas, separadas, mas que estão muito envolvidas com seu trabalho e num momento de franco crescimento profissional.
Tive vontade de contar a elas a minha experiência de vida. Claro que não fiz isso, porém, eu me senti naquele momento muito plena, por já ter passado por tudo isso: crescimento profissional, vida independente e bem resolvida financeiramente, aí veio a vida e me passsou uma "rasteira". Larguei tudo (profissão, cidade, amigos, família mais próxima) para me aventurar no interior de Mato Grosso.
É claro que muita gente que vai ler isto conhece essa história de cor e salteado, mas preciso revê-la de vez em quando.
O fruto mais palpável de tudo isso foram duas filhas e a felicidade de ser mãe, uma realização que parecia distante quando morava no Rio. Aos 20 e poucos anos, eu sequer tinha vontade de botar filhos no mundo. Eu me lembro bem de falar isso a colegas durante uma espera na porta da Universidade Gama Filho, no Rio, quando aguardávamos mais uma etapa do vestibular do Cesgranrio.
Durante o meu primeiro casamento, nem por um segundo, acalentei o desejo de ter filhos. Éramos jovens e tínhamos outros projetos.
Quando vim morar em Mato Grosso e me casei, ter filho passou a ser uma prioridade absoluta. Ele queria, eu também comecei a ver essa possibilidade com simpatia. Passamos a viver juntos em agosto de 1988 e, no ano seguinte, eu já estava grávida. Tive muita sorte. Minha primeira filha nasceu em janeiro de 1990, perfeita! A segunda foi encomendada logo depois e chegou em março de 1992, também perfeita. Vamos continuar tentando ter um menino? Ele achou melhor não porque éramos primos (em segundo grau). Assoberbada com os cuidados com as meninas, não entrei numa de contrariá-lo. Aceitei sua argumentação e fiz a laqueadura para evitar o uso contínuo de anticoncepcionais.
O casamento acabou no final de 1999/início de 2000, mas ficaram as duas, inteiramente minhas, já que o pai construiu outras famílias.
Foi difícil (e ainda é) em alguns momentos manter e cuidar de duas filhas, mas é uma delícia também. Não ensinei a elas a costurar, fazer crochê e tricô, como minha mãe tentou me ensinar. Cozinhar também não, mas ensinei o que eu podia: a serem leais, éticas e solidárias, a batalharem por seus desejos, a serem razoavelmente independentes e buscarem a alegria. É suficiente? Não sei, porém foi o que eu pude dar. Cuidei delas quando estavam doentes, levei ao médico, dei os remédios nas horas certas, ensinei que fazer exercícios regularmente é uma chave importante para se ter saúde física e mental.
Se eu pudesse voltar atrás, ensinaria a serem ainda mais independentes, mais organizadas, a comer mais verduras e frutas (elas comem, mas podiam comer mais) e teria forçado a barra para que estudassem algum instrumento musical.
Não sou daquelas que acham que todas as mulheres têm que ser mães. Não existe, na minha opinião, essa coisa de instinto maternal. Tem homens que têm mais instinto maternal que muitas mulheres. Mas acredito que se eu não tivesse sido mãe, faltaria alguma coisa em mim. Já fiz filhos, plantei árvores e escrevi livro. Acho que já contribui um pouco para este mundo.


3 comentários:

Dete disse...

Feliz dia das mães, Martha! Como você disse, que sorte teve com as duas filhas saudáveis. Acho que isso, e o que voce lhes ensinou no decorrer dos anos, e o que importa. Você plantou duas sementinhas. A vida se encarregara de fazê-lãs crescer e desabrochar. Bjs

Jane disse...

As árvores que vc plantou devem estar lindas e frondosas, sou leitora assídua e admiradora dos seus livros, crônicas e posts, mas nada supera essas duas meninas maravilhosas que vc sempre acompanhou e continuará acompanhando com tanto carinho e amor. Feliz dia das Mães! Bjs.

Martha disse...

Obrigada pelos comentários! Um feliz (e tardio) Dia das Mães para vocês! Bjs