segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mudança de tempo

É impressionante como a temperatura lá fora muda os planos da gente. Meu plano hoje era acordar cedo, ir à academia nadar e depois me dedicar ao meu frila (para a revista Bio). À tarde, meu destino seria (e será) a sede do Grupo André Maggi, onde estou desenvolvendo um trabalho como frila fixo.
O tempo virou no final da tarde de ontem e com isso parte dos planos foi por água baixo (sem trocadilho). Mesmo assim, acordei cedo e estou trabalhando no escritório, enquanto minha filha mais velha faz trabalho com duas colegas na sala. Quem tem ou teve filhos que fazem Arquitetura, sabe como eles (estudantes de Arquitetura) são espaçosos. Precisam de todo espaço disponível (chão, mesa) para fazer seus trabalhos, principalmente, se for uma maquete como hoje.
E por falar em escritório, ontem assisti a dois filmes muito interesssantes em DVD. O primeiro foi "Cópia fiel", do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, O filme é de 2010 e, sinceramente, conheço muito pouco sobre cinema iraniano, morando em Cuiabá. O que me atraiu no filme foi a atriz, Juliette Binoche, e o título. Depois descobri que o diretor é super badalado, que o filme (de 2010) foi indicado à Palma de Ouro e que ela, Juliette, ganhou o prêmio de melhor atriz. Confesso que assisti ao filme duas vezes para melhor absorvê-lo (e tentar entendê-lo), mas adorei: a história louca, os diálogos entre a personagem de Juliette e o escritor e filósofo inglês (não conhecia o ator, William Shimell,que é muito bonito), ora em inglês, ora em francês; a fotografia, a paisagem da Toscana (um dia ainda vou lá).

Em seguida, assisti a um filme de Alain Resnais, de 2007. Não gostei do título em português, por isso vou ficar com o título em francês, "Coeurs", bem mais poético. Adorei o filme de cara! Há um tempo assisti a outro filme do diretor ("Ervas daninhas"), que achei muito maluco. Este não! É delicado, tem ótimas interpretações, personagens muito interessantes e a direção do veterano cineasta, que já mostrou muito serviço ao longo da carreira.

A ótima Laura Morante, cuja intepretação de Nicole (a personagem misteriosa e dividida) lhe valeu

Embalada pelos dois filmes (como é bom assistir a filmes que fogem da estética norte-americana), fui dormir, com o desejo (ainda não realizado) de uma vida mais intensa e menos limitada. Minhas últimas leituras ("On the road") e filmes ativam o meu desejo de mudança. Para aonde? Como?
Ah, e o que o escritório tem a ver com tudo isso?
Um dos personagens do segundo filme é um cara que vive enchendo a cara num bar e às turras com a noiva que procura um apartamento maior. O filme gira em torno de poucos personagens que têm suas vidas entrelaçadas. O apartamento precisa ter três quartos porque o noivo, que está desempregado e não move um músculo para procurar emprego, quer ter um escritório como seu pai. A noiva pergunta para quê ele quer um escritório e o noivo dá umas respostas meio loucas e evasivas.
Bom, eu tenho um escritório, mas não gosto muito de ficar nele porque é muito quente e bate sol à tarde. Mas, hoje, como está fresco, meu escritório está delicioso.

Dan (Lambert Wilson), o noivo que quer o escritório, com sua nova conquista Gaëlle (Isabelle Carré) 


2 comentários:

Jane disse...

Assisti a esses 2 filmes qdo foram lançados aqui no Rio e tb gostei mto. São filmes ao mesmo tempo fortes e delicados. Tb cismei com o título longo e complexo dado a "Coeurs", mas depois fiquei sabendo que é a tradução do título do livro em que o filme foi baseado "Private fears in public places" do autor inglês Alan Ayckbourn.
Como admiro a sua capacidade de usar coisas banais como uma mudança de tempo, para nos brindar com textos tão agradáveis!!! Bj.

Martha disse...

Está vendo? Vc contribuiu para enriquecer meu post com uma informação que eu não tinha! Obrigada pelo elogio, anyway! Bjs