sexta-feira, 23 de março de 2012

Meu encontro com Chico Anysio

Nunca tive muita simpatia por Chico Anysio, mas hoje não posso deixar de prestar minha homenagem a ele. Não curtia muitos de seus personagens, porém acho que ele era um gênio na arte da transformação. Um mestre na criação de personagens tão diferentes. Talvez hoje eu não me lembre de muitos nomes entre tantos personagens de Chico: Santelmo, Salomé, Painho, Baiano e os novos Caetanos, Alberto Roberto, professor Raimundo ...
Eu me lembro de uma época, nos anos 1970 e 1980, que Chico e Jô lideravam a programação humorística da Globo. Os dois eram engraçadíssimos, mas eu sempre curti mais o Jõ, embora reconhecesse o talento ímpar de Chico na arte de criar personagens.
Logo no início da minha temporada na revista Veja (acho que foi no inicio de 1984), tive a oportunidade de entrevistar os dois para uma matéria sobre a nova temporada de seus programas (Chico Anysio Show e Viva o Gordo!, acredito). O Jô me recebeu no Teatro Fênix entre a gravação de cenas da personagem Norminha, que contracenava com a então estreante Cláudia Rainha numa academia de ginástica ("Vamos malhar?" - era o bordão).
Chico também me recebeu em meio à gravação de seu programa. O Jô foi muito simpático comigo, cativante mesmo; Chico foi seco, quase antipático. Embora eu não fosse uma "foca", era muito tímida diante de personalidades e me lembro de ter me sentido embaraçada diante dele.
Uma pena ... Talvez ele estivesse num mau dia, não sei .... Isso não impediu que eu continuasse a admirar suas criações. Acho que de todas a que mais me marcou foi a Salomé com seu diálogos alucinantes com o então poderoso presidente da República, João Batista Figueiredo, o último dos presidentes do governo militar e de uma época em que humoristas não tinham tanta liberdade para fazer humor com os chefes de Estado como hoje.
O humor mudou muito e acho que humoristas como Jô (que virou apresentador de talk show e escritor) e Chico perderam espaço. Uma pena! Na minha opinião, ninguém se compara a eles no cenário atual. Talvez o que mais se aproximou em termos de carisma foi o Bussunda, que morreu tão jovem. Ou então fui eu que perdi a minha capacidade de rir.

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