sábado, 24 de março de 2012

Adeus às novelas das 9h

Hoje prometi a mim mesma que não vou assistir à próxima novela das 9 da Rede Globo. Muitos de meus amigos provavelmente dirão: "Já não era tempo".
Gente, eu sou noveleira, tenho que admitir. Comecei a assistir a telenovelas ainda menina na época de "Véu de noiva", "Beto Rockfeller" e "Assim na Terra como no céu", sem falar nas novelas de Gloria Magadan, que eram deliciosas ...
Nos anos 80, trabalhei no Caderno de TV do Jornal do Brasil (de curta existência) e acompanhei os bastidores de várias telenovelas. Graças a esse trabalho acabei entrando na sucursal da Veja para substituir a repórter que cobria TV. Não me dei muito bem e rapidamente mostrei que era versátil suficientemente para dar conta de outras editorias. Nunca gostei muito de ser setorista.
Mas, enfim, por gosto ou dever de ofício, sou quase uma especialista em telenovelas. Ultimamente, tenho me irritado muito com as novelas das 9h e preferido as bobagens do horário das 7 (o das 6, que tem tido bons produtos, quase nunca dá para ver). Como as últimas novelas das 7 estão muito chatas (a última que gostei foi "Ti ti ti"), acabou sobrando o horário das 9h.
Tem dia que você trabalha o dia inteiro e quando chega em casa dá uma vontade danada de relaxar um pouco diante da TV. Mas, ai vem um monte de anúncios e tanta xaropeira que enche o saco.
Não gostei de "Fina Estampa" desde o início, embora curta muito o trabalho do Aguinaldo Silva, mas aos poucos fui me interessando pela trama e alguns personagens. Curti muito o trabalho de Marcelo Serrado, como Crô, apesar de alguns exageros (vai ser fiel assim a uma megera na pqp). Acho que a relação dele com o Baltazar (outro ótimo ator, cujo nome esqueci) também foi muito interessante.
Eu teria um monte de coisas para comentar aqui, porém vou ficar no ponto central. De uns tempos para cá cada autor de novela esforça-se para criar uma vilã mais tchan, que rivalize com a "mocinha" em termos de prestígio e até de torcida. As telenovelas do antigo horário das 8h se consolidaram pelo realismo, a verossimilhança, acompanhando situações e problemas da vida real.
Isso foi uma das coisas que me irritou em "Fina Estampa": por um lado, pitadas de verossimilhança; de outro, histeria total. A Tereza Cristina da atriz Christiane Torloni parecia uma bruxa ou uma megera de desenho animado, tipo Cruela Cruel. Personagens assim merecem um castigo exemplar ao final, certo? Aonda está a catarse do telespectador?
Ah, mas isso (a punição exemplar dos vilões) não acontece na vida real.Será que existe alguém na vida real que não faz nada de produtivo e fica o dia inteiro maquinando maldades contra os outros? Que se delicia tanto com a possibilidade de sofrimento do outro? Quantas vezes a Tereza Cristina repetiu que queria ver sua arqui-inimiga Griselda torrando até morrer? Isso é sadismo demais. A Griselda escapou e ela nem pareceu chateada com isso. Aquela cena do barco foi ridícula e mais ridículo ainda foi ver a Tereza Cristina saindo do nada e tripudiando em cima da Griselda na cena final.
Pena que eu não me levantei do sofá logo depois da cena do discurso da Griselda, em que ela enfatizou a importância do caráter, do trabalho.
Trabalhar para quê? Ter caráter para quê?
Well, as pessoas mais inescrupulosas estão se dando bem nas novelas e talvez seja assim mesmo na vida. Eu é que sou besta de ficar assistindo a tanta bobagem. Vou arrumar algo melhor para fazer nesse horário, nem que seja estudar inglês.

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