quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Até quando?

Não posso deixar de registar neste meu espaço mais um episódio triste ocorrido em Cuiabá: a morte de um vaqueiro, Evaristo Pires, de 54 anos, que, segundo o noticiário veiculado por sites e jornais, morreu na madrugada de sábado passado após ter sido espancado por policiais militares.
A matéria do jornal Diário de Cuiabá foi a única que li que faz relação desse caso com o do estudante africano Toni Bernardo da Silva, que morreu num paizzaria, dia 22 de setembro passado, também depois de ter sido espancado por dois policiais militares e outro homem.
Aparentemente, a morte do vaqueiro Evaristo, cujo rosto não conheço, não  provocou a mesma comoção na sociedade.
Acredito que, em parte, isso se deve ao fato de o crime não ter sido testemunhado por outras pessoas ou pelo fato de Evaristo ser apenas um vaqueiro. Ele não tem amigos, nem movimentos sociais para defendê-lo e exigir punição para seus algozes.
No caso de Toni, o crime foi presenciado por inúmeras testemunhas: algumas talvez até tenham aprovado a reação dos homens que partiram para cima daquele rapaz que importunava os frequeses de um restaurante de classe média, outras devem ter ficado muito assustadas com todo o episódio sangrento e muitas poucas, como uma professora já citada aqui, tentaram evitar o linchamento. Além disso, Toni era estrangeiro, negro, tinha vindo para o Brasil por meio de um projeto de intercâmbio oficial, etc.
E quanto ao Evaristo, o que sabemos dele? Apenas que teria sido preso por causa de uma briga com uma vizinha num bairro de periferia.  Era um homem violento? Teria reagido à ordem de prisão? Ou seria um homem pacífico, talvez alterado pelo consumo de bebida alcóolica? Não sabemos. Sabemos apenas que se queixou de ter apanhado muito dos PMs e que estava vomitando e andando com dificuldade, embora não tivesse lesões aparentes. Li em algum lugar que era um homem franzino.
O que sabemos também é que temos uma Polícia Militar muito despreparada, o que não é exatamente novidade. Se ter uma polícia violenta contivesse a criminalidade, Cuiabá e outras cidades brasileiras seriam uma tranquilidade só. Mas é inadmissível que cidadãos que supostamente poderiam ser contidos sem tanta violência (pelo que sabemos nem Toni, nem Evaristo estavam armados) sejam espancados até a morte. Eu não me sinto segura com uma polícia dessa.

2 comentários:

Romildo Guerrante disse...

Ninguém se sente seguro, Martha, com uma polícia assim. Já está errado por ser militar. Não estamos em guerra. Concederam às PMs em 1968 o privilégio do policiamento ostensivo.Deixaram as ruas com a PM. Ninguém move uma palha para mudar isso. E mais grave,as guardas civis das prefeituras estão sendo entregues ao treinamento da PM. Ou seja, vão herdar a truculência.

Martha disse...

Você tem razão! Não tinha pensando nesse aspecto.