segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Beleza e horror

Emanuelle Baldini em foto de Protásios de Morais
Hoje eu pretendia falar apenas da beleza do concerto da Orquestra do Estado de Mato Grosso (OEMT), assistido ontem à noite no Cine Teatro Cuiabá e também da impressão causada pela montagem de "Anjo negro" de Nélson Rodrigues, da Cia Mosaico de Teatro, à qual assisti no Salão Social do Sesc Arsenal.
Mas antes de falar do belo não posso deixar de registrar aqui o depoimento corajoso e contundente da professora Janaína Pereira Moreira, que se apresentou como testemunha da execução do africano Toni Bernardo Silva, na Pizzaria Rola Papo.
Assisti ao seu depoimento no jornal da TVCA do horário de almoço. Ela diz que chegou à pizzaria quando Toni já estava imobilizado pelos dois policiais militares e um deles gritava: "Você sabe por que está apanhando? Porque você é bandido". 
Não vou entrar em mais detalhes sobre o caso, mas mantenho a minha posição inicial: nada do que Toni fez no passado ou tenha feito naquele momento justifica tanta selvageria. O que houve ali, naquela noite triste, foi um linchamento e não me venham dizer que a violência está desse jeito por causa das pessoas (como eu) que são contra esse tipo de atitude de PMs. Essa discussão é longa, mas se bater acabasse com violência, não teríamos bandidos no Brasil. O que vejo é apenas uma espiral de violência.
A propósito: hoje morreu mais um menor assassinado por "colegas" no Pomeri - o lugar onde deveriam ser "ressocializados".
(Pausa)
O concerto da OEMT deste fim de semana foi muito melhor do que eu esperava. A ideia do maestro Leandro Carvalho de pedir a compositores contemporâneos para compor peças para a orquestra a partir dos "Prelúdios" do flautista mineiro Flausino Vale (1894-1954) foi genial e deu super certo.
Cada peça era mais linda que a outra e cheguei a ficar com os olhos cheios de lágrimas em algumas delas. Que som bonito! Os dois solistas - o violinista italiano Emmanuele Baldini e o violeiro mineiro Roberto Corrêa (que tocou viola de cocho e viola caipira) - deram um show.
Confesso que fiz as pazes com a OEMT. Não que eu estivesse de mal com a orquestra (nem teria motivos para isso), mas andava meio preguiçosa de ir ao Cine Teatro Cuiabá para assistir aos concertos. Aliás, ir ao Cine Teatro Cuiabá é bem mais complicado do que ir ao Sesc Arsenal (onde a OEMT se apresentava no início) por causa da questão do estacionamento (outra hora entro em detalhes sobre isso). Por outro lado, no Cine Teatro cabe mais gente.
Ontem, o meu "esforço" valeu muito a pena. Voltei para a casa mais leve e feliz, e com muito orgulho dessa orquestra mato-grossense. Conheci um pouco mais o trabalho de Flausino Vale - que eu não conhecia antes de pesquisar sobre ele para fazer a matéria publicada ontem no Ilustrado do Diário de Cuiabá - e de outros compositores contemporâneos, cujos nomes faço questão de compartilhar aqui:  Danilo Guanais (RN),  Arthur Barbosa (RS),  André Mehmari (SP), Rodrigo Bustamante (RS), Marcos César (PE), Dimitri Cervo (RS) e Paulo Aragão (RJ).
A propósito, a OEMT gravou um CD com essas peças que logo deverá estar disponível para download no site da orquestra:http://www.orquestra.mt.gov.br/, segundo o diretor artístico e regente Leandro de Carvalho.

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