terça-feira, 6 de abril de 2010

Aprendendo a ganhar e a devolver

Pouco antes do almoço li um texto do consultor financeiro Saulo Gouveia intitulado "Aprender, ganhar e devolver". Ele diz que a vida é dividida em três fases e a segunda, que vai dos 28 aos 42 anos, é a de ganhar. 
"Não paramos de aprender, mas começamos a receber o retorno do investimento que fizemos na primeira fase. Se você for fiel à profissão que escolheu e se tiver endereço fixo, as pessoas vão saber quem você é, o que faz e vão lhe buscar. Com o tempo acumula bens que vão gerar benefícios para si e para os outros. Nessa fase construímos uma carreira e um estilo de vida", afirma o autor, que assina a coluna Seu Bolso no jornal A Gazeta, aos domingos. 
Esse trecho me deixou pensativa e pesarosa.  Se for levar isso ao pé da letra, fiz tudo errado. Exatamente nessa etapa da minha vida mudei de cidade, de carreira e estilo de vida. Quando estaria iniciando a terceira fase, "a de devolver à vida tudo que ela nos trouxe", praticamente tive que começar tudo de novo, mudando novamente de cidade, retomando a antiga carreira em outro espaço (não o original) e mais uma vez de estilo de vida. E ainda tendo a responsabilidade (e o prazer) de criar duas filhas. Resultado? 
Tem horas em que me sinto mais rica, mais humana. Olho para trás, como tive condições de fazer neste fim de semana, e vejo como eu era preconceituosa e orgulhosa. Mas, em grande parte do tempo, eu me sinto - com o perdão da palavra - fracassada. Estou sempre atolada em dívidas e incertezas, me sinto pequena  assustada e desamparada. 
Ainda assim, não desisto. Vou continuar insistindo na  primeira e na segunda fase. Quem sabe um dia eu aprendo, ganho e consigo devolver mais às pessoas e à vida?

3 comentários:

Roça de Livros disse...

Oi Martha,
a "divisão de fases" feita pelo consultor me parece um exemplo típico de pensamento compartimentado e reducionista.

Por que a vida haveria de ser dividida nessas três fases? Uma vida em que 'aprender, ganhar e devolver' acontecem simultaneamente e o tempo todo, há de ser uma vida mais rica. E certamente mais realista, porque é assim que as coisas acontecem na realidade - tudo ao mesmo tempo.

Sem contar que há outros verbos a serem incluídos aí, além dos três citados. Por exemplo, divertir-se.
Terezinha

Martha disse...

Oi Terezinha,
Ainda bem que posso contar com uma leitora atenta e crítica como você.
Acho pertinente a sua análise em relação à divisão de fases, mas no momento em que li o artigo aquele parágrafo caiu como um raio sobre mim, reduzindo a pó meus projetos e esperanças(mesmo que por alguns instantes).

Roça de Livros disse...

Ainda bem que foi só por alguns instantes! rsrsrs