sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tarde no Centro

Acabei de voltar de uma excursão ao Centro da cidade numa tarde atípica em Cuiabá. Como estou sem carro e precisava buscar o dinheiro da minha aposentadoria, resolvi ir à agência da CEF no Centro. Aproveitei que estava frio e fui a pé.
Estou sem relógio de pulso, mas calculo que gastei uns 20 minutos para chegar à agência e levei um susto com a multidão que estava lá dentro. Tinha uma fila enorme para pegar senha! A mulher da frente comentou com o marido: "Está um cheio de peixe". Realmente, a mistura de casacos guardados não deixava o ambiente muito cheiroso.  Peguei a senha número 604 e me sentei longe do burburinho, já que ainda estava na senha 500 e poucos.
Peguei meu livro para ler, "A paixão segundo GH", de Clarice Lispector, mas não consegui avançar muito na leitura, pois logo um moço começou a conversar com seu colega bem atrás de mim. Fui achando a conversa deles tão interessante que desisti do livro. Ambos trabalhavam numa construtora e ficaram conversando sobre coisas do trabalho. Fiquei sabendo, por exemplo, que um deles ( o mais falante) teve um sábado e um domingo descontados porque faltou ao serviço no sábado. Isso é legal?
Mas, aos poucos, a conversa foi ficando mais interessante. O moço que chegou depois (cujo rosto eu conseguia ver)  contou que era viciado (entendi que o vício era em crack), mas um dia, depois de uma conversa com a mãe, resolveu parar porque viu que estava gastando todo seu dinheiro (trabalhava como segurança na época) com drogas e birita.
Hoje, contou ele, já tem sua casa construída em cima da casa dos pais e vários bens: DVD, TV de plasma, fogão, geladeira. Na época da bagunça, quando ainda não dava valor para o dinheiro, chegou a gastar mais de R$ 4 mil numa noite em que fechou a zona. Fiquei tão envolvida na conversa que fiquei morrendo de vontade de meter também, perguntar mais, mas me contive.
Quando estava chegando perto do meu número, resolvi chegar mais perto dos caixas para não perder a vez. Já passavam de 4 horas da tarde. Acredita que fiquei com o número 606 na cabeça e quando olhei minha senha já tinha passado minha vez? Fiquei atordoada por um segundo, mas entrei na parte reservada aos caixas, abordei um funcionário do banco que contava dinheiro e ele se prontificou a me atender diante do meu relato. Enquanto me atendia, conversamos sobre o movimento do banco e ele me contou que hoje era pagamento de muitas construtoras, por isso tinha tanta gente na fila. Disse ainda que depois que acabasse de atender a clientela (a fila de espera estava grabde), o pessoal do caixa tinha muito serviço a fazer e sua previsão era de que não sairia do banco antes das 7h da noite.
É, vida de bancário, não é fácil!
Saí da CEF por volta de 16h30m, passei numa loja do Centro para comprar guaraná em pó, tomei um guaraná na faixa para provar o produto e retomei o caminho de volta, que foi um pouco mais árduo porque tive que encarar a subida na avenida Isaac Póvoas. Com o tempo nublado e fresco, foi até gostoso fazer essa caminhada!
Aproveitei para passar na loja onde minha filha mais velha comprou uma blusa que  se esgarçou após a primeira usada. Como mãe, queria dar uma prensa no pessoal da loja em busca de uma solução para o problema.  A dona disse que vai mandar a blusa para a costureira arrumar. Não sei se essa é a solução ideal, mas é melhor que nada. Eu já estava disposta a ir ao Procon.
O dia está comprido: começou por volta de 7h quando levei meu carro à oficina ( ele só vai ficar pronto amanhã) e, depois de um guaraná ralado às 5 horas da tarde, ainda estou pronta para outras aventuras.

2 comentários:

Dete disse...

Martha, o Bill pega o trem pra ir trabalhar e adora ficar ouvindo conversa dos outros. Mas não e gostoso por um minutinho você pertencer a um mundo tão longe do seu?

Martha disse...

Sim, é uma delícia! Eu me senti meio intrusa, mas, como disse no post, a conversa deles estava mil vezes mais interessante que o meu livro.