segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sucesso total


Essa notícia deveria  sair nas manchetes dos jornais de Cuiabá se fossem eles feitos de outra matéria. 482 pessoas lotaram o teatro do Sesc Arsenal no último fim de semana para assistir aos concertos do Grupo de Percussão do Departamento de Artes da UFMT (GPDA). 
Foram duas apresentações, com repertórios diferentes, no sábado e domingo, e teve gente que compareceu nos dois dias. A entrada era franca, o que não é garantia de casa cheia quando se trata de apresentação de música instrumental no Brasil.
Eu optei por ir ontem e me sentei ao lado de dois garotinhos (com idade por volta de 10 anos), que se comportaram muito bem, diga-se de passagem.. Perguntei ao que estava mais próximo se conhecia alguém do grupo e ele respondeu que era "cunhado do Alex".
Alex é o professor Alex Teixeira, percussionista resposável pelo grupo, que venho acompanhado há mais de ano. Ontem, ao final do concerto, ele estava muito emocionado com a acolhida do público. Não deve ser fácil manter um grupo formado por estudantes do curso de Música da UFMT e alguns membros da comunidade, que se propõe a fazer música de concerto com percussão, tendo que transportar toneladas de instrumentos.
O repertório de ontem foi requintado: duas peças de Dimitri Cervo e peças de Marlos Nobre, Lorenzo Fernandes, Ryan L. Raney e  Paul Creston. As peças de Nobre (com três movimentos) e Creston foram regidas por Roberto Victorio, também compositor de música contemporânea.
Algumas peças foram bastante difíceis (como "Rythmetron" de Marlos Nobre) e exigiram grande esforço dos músicos e da plateia que, mesmo aplaudindo na hora errada por impulso, parece ter adorado as apresentações.
Eu me deliciei particularmente com a "Toccata Amazônica" de Dimitri Cervo - uma composição mnimalista lindíssima, daquelas que dá vontade de ouvir de olhos fechados. Foi a segunda vez que a ouvi (sempre interpretada pelo GPDA) e estou até agora com a melodia na cabeça.
 Depois do concerto, o pianista Jhon Stuart, que faz parte do grupo, me contou que Cervo é um compositor gaúcho radicado no Rio de Janeiro, jovem e acessível, que está compondo uma peça especialmente para o Grupo de Percussão da UFMT.
Lamentei ter perdido o concerto de sábado, mais eclético, que mesclou compositores populares, como Djavan e Ivan Lins, com eruditos, como Dimitri Cervo, Roberto Victorio e Claudio Santoro.
Não posso terminar este post sem mencionar os nomes dos músicos integrantes do Grupo, começando por Alex Teixeira, Tarcísio Sobreira (meu querido ex-aluno no curso de Jornalismo da UFMT, que nem chegou a exercer a profissão para seguir sua verdadeira vocação, que é a música), Estela Ceregati (compositora, cantora e instrumentista de talento), Juliane Grisólia,  Wender Couto, Ricardo Kalan, Francisval Costa, Anderson Cardoso, Karolini Martins, Everton Figueiredo, Kellen Oliveira e Jhon Stuart.
Uma bela safra de músicos mato-grossenses!


Um comentário:

Estela Ceregatti disse...

Maravilha Martha! Sempre me delicio ao ler suas linhas... com tanta propriedade e sensibilidade. Agradecemos de coração pelas sábias palavras, pelo carinho e incentivo. Realmente não é fácil driblar o auge da arte que a grande mídia veicula por ai, e fazer um repertório um tanto ousado, pouco conhecido. O mais interessante, como você disse, é ter conseguido que o movimento em torno desta música tenha se formado. As pessoas foram, e incrivelmente participaram, interagiram, escutaram...fiquei muito emocionada os dois dias e creio que nosso papel como músicos mato-grossenses é fomentar de verdade a nossa própria percepção auditiva, e a percepção de mundo das pessoas, ao menos ampliá-la. Através dos sons, sinto que temos caminhado neste sentido. Agradeço muito por acreditas. Grande abraço musical, Estela.