domingo, 13 de março de 2011

Caindo na real

Há alguns dias escrevi um post sobre as dificuldades que venho identificando na profissão de jornalista.
Recebi comentários muito interessantes e num deles, enviado por mensagem através do facebook,  um amigo distante, que não vejo há décadas, disse que talvez eu devesse olhar mais para outras profissões antes de falar da minha. Entendi que as coisas também não andam muito fáceis em outros campos profissionais. 
Concordo que minha visão pode estar um tanto limitada.
No meu caso, misturam-se duas coisas: a falta de um trabalho que me assegure uma renda razoável a esta altura da vida e o fato de ter dedicado boa parte dela a uma profissão que considero hoje fadada ao insucesso.
Outro amigo sensível disse estar percebendo novamente uma certa dose de desânimo nos meus textos. Admito que estou desanimada. Estou tocando a vida, porém não sei exatamente para aonde. Amo minha família, especialmente minhas irmãs e filhas, e gostaria muito de ser um exemplo para minhas meninas. Mas no momento, sinceramente, acho que sou um exemplo do que não se deve ser ou fazer.
Sei que não posso me dar ao luxo neste momento de elocubrações poéticas ou filosóficas. Preciso muito ganhar dinheiro. Acho que não nasci para ser empresária, não sei valorizar meus talentos e competências, e, tampouco, investi a minha suposta inteligência num emprego público que me garanta o mínimo necessário para sobreviver. 
É engraçado: aos 17 anos, eu tinha a noção exata da importância de ter independência financeira para buscar a minha felicidade. Por que deixei minha vida saír dos trilhos? 
Faz seis meses que estou desempregada. Achei que era o momento de dar uma chacoalhada na vida e descobrir novos caminhos para mim. 
Acho que essas coisas só acontecem em filmes e romances.
Nesse meio tempo fiz vários frilas (alguns bem legais), ensaiei uma sociedade, mas na verdade fui usando a grana do meu FGTS para bancar despesas básicas e outras nem tanto. Esta semana, mesmo vou fazer um frila diferente, para uma produtora.
E agora? Está na hora de reunir o que me sobrou de valentia e encarar o touro de frente.  

3 comentários:

Terezinha Costa disse...

Oi Martha,
Confesso que dias atrás quase mandei um comentário reclamando por vc se definir como "desempregada". Vivo de frila desde 1991 - com um breve intervalo de menos de dois anos em que voltei a ter carteira assinada e que eu sabia que não iria durar muito. Por tal critério, eu então seria uma desempregada há 20 anos. Como não morri de fome até agora - e ninguém me sustenta - concluo que não é tão mal assim ser "desempregada". Ou melhor, concluo que não sou - nem estou - desempregada.
Empregos, como nos acostumamos a concebê-los, quase não existem mais. Não há mais "patrões benévolos" que descobrem nossos talentos e competências e os exploram indefinidamente. Nós mesmos temos que fazer isso. Não é confortável? Ok, mas que conforto pode haver em empregos precários, nos quais exercemos estaticamente velhos talentos e competências que desenvolvemos há mais de 20 ou 30 anos?
Ah sim, talvez vc não tenha nada a ensinar a suas filhas sobre isso. Talvez seja o contrário: elas é que poderão ensinar a você, pois já nasceram nesse novo mundo em que , para sobreviver, os indivíduos tem que se reinventar periodicamente. Por que vc não pergunta a elas?
Bjs
Terezinha

Um brasileiro disse...

oi moç. tuydo blz? estive por aqui. muit legal. é isso aí. pé na estrada e sempre pra frente. apareça por la. abraços.

Dete disse...

Oi Martha,
C0ncordo plenamente com o comentario da sua amiga Terezinha. Perdi meu emprego ha 2 anos e ha um ano nao me sinto mais desempregada: me sinto dona do meu nariz, do meu negocio, uma consultant ou contracter como se diz nos EUA. Estou vivendo mto bem, obrigada. Ontem estava fazendo compras com minha filha e ofereci pra lhe comprar um vestido. Ela perguntou se eu nao devia guardar o dinheiro; eu podia ter ganho bastante no mes passado, mas nao sabia o que aconteceria no mes seguinte. Eu lhe disse que quando tinha um emprego fixo tbem nao sabia se seria despedida no mes seguinte. Acho que o trabalho fixo d'a uma seguranca que pode ser falsa. Com freelancer voce aprende a tomar conta da propria vida, a se planejar melhor. O dificil 'e mudar o jeito de pensar e se assumir como frila e nao como desempregada. Qdo voce mudar essa maneira de pensar, as coisas podem ficar melhores. Essa, pelo menos, 'e a minha opiniao. Bjs