quarta-feira, 23 de março de 2011

Blog de um tema só

Há dias escrevo sobre Aripuanã e suas variações, e teria muito mais a escrever. Não dá para fazer uma viagem dessas impunemente. Só hoje, por exemplo, consegui visualizar no espelho grande de casa os estragos dos piuns no meu corpo. Levei um susto! Ainda bem que não coça mais, só não posso ir à piscina. Como não estou com tempo mesmo para isso, tudo bem.
Tenho vontade de compartilhar cada detalhe com as pessoas. Minha irmã Jane sugeriu que eu escrevesse um livro. Acho que não tenho material para tanto, mas posso usar o que vi e aprendi em reportagens e num livro de crônicas de viagem um dia. Quem sabe?
O que mais me comoveu de modo geral foi a garra de algumas pessoas que conheci - brasileiros que migraram para Amazônia com o sonho de ter seu pedaço de terra e enfrentaram dificuldades enormes, a começar pelas estradas.
Não estou falando de grandes fazendeiros e sim de sitiantes como sr. Romeu, um capixaba que migrou para Rondônia e em 2002 seguiu para o município de Aripuanã.
Seu Romeu cria um tiquinho de gado e planta de tudo em seu sítio no distrito de Conselvan, a cerca de 80 km da sede de Aripuanã. É o que chamamos de um agricultor familiar, que cultiva sua terra com a ajuda de dois filhos e a mulher.
Não quero falar aqui sobre a produção de seu Romeu, que é um tema mais propício para publicações especializadas, e sim compartilhar uma das histórias que ele contou no domingo, quando visitamos seu sítio e passamos alguns momentos de boa prosa e muitas risadas. 
Quando veio para Aripuanã pela primeira vez seu Romeu trouxe o filho mais velho, na época um garoto de 14 anos, e três empregados de sua confiança. Enquanto cuidava de outras coisas, deixou os rapazes trabalhando para um agricultor da região na colheita de arroz. Quando os reencontrou (acho que poucas horas depois), segundo ele, o sangue minava dos braços e dos rostos dos rapazes por causa das picadas de piuns e outros insetos. Seu Romeu ficou tão indignado que retirou imediatamente seus meninos do trabalho.
A vida pregou outras peças nesse produtor rural, mas por alguma razão inexplicável e ele se manteve ativo e confiante. Foi tocante o entusiasmo com a qual ele nos mostrou sua plantação de café e de frutas, como melão, num final de tarde de domingo. Inesquecível.




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