terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Bicicleta

É impressionante como nos custa tão pouco fazer o bem e como nos deixamos levar pela inércia tão facilmente.
Há anos - mais precisamente desde que me mudei para Cuiabá, no início de 2003 - que as bicicletas de minhas filhas estavam mofando no pátio do prédio que escolhemos para morar na capital - ou foi ele que nos escolheu? As bicicletas recém compradas eram de grande utilidade em Cáceres, conhecida como a "cidade das bicicletas", mas se revelaram de nenhuma serventia em Cuiabá, cidade de trânsito difícil e de muito calor. Pelo menos para minhas filhas.
Sugeri a elas que pedissem ao tio ou ao pai para levar as bicicletas de volta a Cáceres, onde voltariam a ser úteis, porém isso não ocorreu.
Pois bem, no final do ano, num impulso decidi doá-las aos funcionários do prédio. Na verdade, escolhi dois do grupo para oferecê-las. Hoje, mais de um mês depois, desci no elevador com o rapaz da faxina e ele me disse, sorridente, que mandou arrumá-la e está usando a bicicleta maior para vir ao trabalho diariamente. Fiquei tão feliz! Ainda mais por que ele sempre me parece tão triste quando o encontro pelos corredores ou no elevador limpando pacientemente o grande espelho onde eu e minhas filhas adoramos nos olhar quando saímos às pressas de casa.
Juro que minha intenção aqui não foi me vangloriar - na verdade, acho que faço tão menos do que poderia. Quis apenas registrar o sentimento que me perpassou nessa hora: como é gostoso dar! Aquele papo de que a alegria de quem dá é tão grande ou até maior do que a de quem recebe não é conversa para boi dormir.

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