quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Saudades de Brisbane

Vou fechar com este post minha coletânea de relatos sobre minha mais recente viagem à Austrália. 
Ainda não fez um mês que voltei, mas cada vez mais aumenta em mim a sensação de que tudo foi um sonho (ou um pesadelo, dependendo do momento, hahaha). 
Isso é comum quando a gente tem uma mudança brusca de rotina. No caso da Austrália, me encanta especialmente, como eu disse no primeiro post, a sensação de poder circular pelos lugares aos quais fui com segurança, sem medo de assaltos, roubos ou qualquer tipo de violência. Espero que isso se mantenha e saber que minha filha Diana está segura lá me traz uma felicidade enorme e compensa a minha tristeza por não tê-la perto de mim.
Na semana passada, Carol, uma amiga que mora em Brisbane, me relatou um fato muito interessante. Acredito que ela não vá se importar por eu estar compartilhando esta história aqui. Afinal, este espaço é tão íntimo!
Carol estava aguardando para fazer exames de rotina numa clínica quando chegou um homem visivelmente descontrolado (drogado), sem camisa, descalço e com feridas nas pernas. Segundo ela, o homem disse alguma coisa à recepcionista e começou a rabiscar os formulários que estavam no balcão. Para encurtar a história, Carol disse que a moça não levantou a voz em momento algum e apenas perguntava ao recém-chegado seu nome e se tinha consulta marcada. Após alguns minutos angustiantes, um médico apareceu, cumprimentou o homem com gentileza e o conduziu a seu consultório. 
Você consegue imaginar este final de história numa clínica em qualquer cidade brasileira?
Vivemos num país em que sempre nos orgulhamos da cordialidade das pessoas. Hoje, sinceramente, já não sei se as pessoas mudaram ou se acreditávamos numa mentira. As pessoas não mudam tão rapidamente. O que vemos agora - é claro, que há exceções - são pessoas mal educadas, que falam alto, se irritam com facilidade e já partem para ignorância por qualquer motivo. O que vemos agora são pessoas muito preconceituosas, algumas quase doentes, mas que arrotam "sua superioridade" em relação a quem não pensa igual, tem cor diferente, opções sexuais diferentes. 
Eu mesma me policio para não berrar minhas poucas certezas para as pessoas que estão ao meu redor, seja presencialmente ou via rede social. 
Porém é difícil aceitar pessoas que defendem torturadores, que negam o golpe militar de 1964, que engolem as idiotices que a maioria dos representantes do atual governo vocifera na mídia.
Mas este post não era sobre a Austrália? Era para ser, mas é difícil falar de uma viagem a um lugar que me pareceu tão organizado e lindo quando se vive no caos brasileiro, onde o telejornal despeja diariamente carradas de más notícias sobre violência, corrupção, desembargadores que ganham indenizações milionárias enquanto outras pessoas não têm o que comer ou não conseguem atendimento nos hospitais e postos de saúde públicos para atender às suas necessidades mais básicas.
Na verdade, eu queria falar sobre o sistema de ferry boat  - um transporte público que atende à população que transita entre a City (o centro comercial e financeiro da cidade) e bairros situados às margens do Rio Brisbane - o chamado Riverside. 



Andei algumas vezes de ferry na modalidade turista, ou seja, deslumbrada com a paisagem e a sensação boa do vento do fim da tarde fustigando o meu rosto. 
Graças às informações que recebi de Diana na minha primeira temporada em Brisbane, consegui pegar uma embarcação da linha CityHopper, que pára em algumas estações, em determinados horários e é 100% free! E pasme: quando você entra em qualquer embarcadouro há informações completíssimas sobre horários e tipos de embarcações disponíveis, e elas são extremamente pontuais. 




Nessa tarde, peguei um ferry entre o bairro de New Farm e a City onde fui encontrar Diana na saída do trabalho. Fiquei surpresa ao ver a fila de pessoas que aguardavam esse mesmo barco em Eagle Street Pier, onde desci por indicação do funcionário do CityHooper (lindo e gentil!). 



Tudo isso após passar parte da tarde em New Farm Park, um dos meus locais preferidos em Brisbane, terminando a leitura do livro "Corpo em combate, cenas de uma vida", de minha sobrinha-neta Sofia Karam. Mas isso já é assunto para outro post...


New Farm Park 


Esta foto nada tem a ver com o texto. É apenas uma boa lembrança do meu segundo dia em Brisbane, visitando o Monte Kutha onde se tem uma das mais belas vistas da cidade, em companhia de minha filha Marina e sua amiga Sibele.



Um comentário:

Vera Capilé disse...

Parece que estou lá com vc! Incrível!!!!
Lindo texto!