segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Pra não dizer que não falei dos Black Blocs



Confesso que estou com medo da violência que está tomando conta de tudo. Nunca foi tão necessário manter a calma. Por muito pouco, as pessoas estão brigando, ameaçando, agredindo. 
Talvez eu esteja fazendo uma leitura pequena dos fatos, mas deixo as leituras grandiosas para os intelectuais, os pensadores, os artistas, enfim, para quem tiver acesso a mídias mais potentes.
Há pouco mais de um mês fui a uma festa de formatura e assisti a um espetáculo grotesco. Quem já foi a uma festa de formatura, sabe que é um evento careta, bem familiar, com velhinhos, criancinhas, etc. Pois é, quando os velhinhos e criancinhas já tinham ido embora e os adultos que ficaram já estavam bem bêbados (afinal o álcool é uma droga lícita e autorizada), surgiu uma briga, por um motivo banal. O que poderia terminar com a turma do deixa-disso se transformou numa pancaderia generalizada com direito a copos e cadeiras quebradas, e até a notícia publicada nos sites da cidade. 
Foi tenso e confesso que fiquei muito assustada. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos e no dia seguinte parte dos brigões estava num churrasco de confraternização do qual participei. Um levou pontos, outro estava com a mão enfaixada, outro tinha um galo, nada mais grave ...
Alguém pode estar se perguntando o que isto tem a ver com o grupo Black Bloc e a morte do cinegrafista Santiago Andrade no Rio. 
Na minha opinião, as coisas estão interligadas. Há muita violência no ar, agressividade. Um simples empurrão, uma batida de trânsito ou mesmo uma fechada podem resultar em agressão e até em morte. 
Quando os protestos de junho começaram eu aplaudi e cheguei a participar de uma passeata em Cuiabá. Era um sopro de esperança, de ver as pessoas se manifestando, protestando contra um estado corrupto e impositivo. 
Mas, voltei da minha passeata preocupada e manifestei aqui neste blog a sensação de que as pessoas estavam andando sem rumo, como se muitas estivessem ali pela farra, como se vai a um shopping.
Logo, os protestos ganharam outros ares nas grandes capitais, com quebra-quebras, depredação, atos de vandalismo e a gente se perguntava o que estava acontecendo. Ora se indignava com a violência policial que atirava balas de borracha nos olhos de jornalistas indefesos, ora ficava chocada com a violência dos manifestantes, que pareciam acima da lei. 
Confesso que senti alívio de não estar mais na reportagem de rua.
Eu me assustava com a violência dos protestos, mas no fundo achava que era uma raiva, uma fúria que estava vindo à tona - como uma força cega.
Agora confesso que já não sei o que pensar: sei apenas que aquele tipo de passeata que culminou na morte do cinegrafista na Band só traz terror para a população. Não é por aí que alguma coisa vai mudar. 
O pessoal diz: não vai ter Copa. Estou me lixando para essa Copa. Alás, maldita hora em que o Brasil - e especialmente Mato Grosso - ganhou o direito de sediar a Copa. Mas eu me pergunto: por que ninguém se manifestou contra a Copa na época da disputa?  Pelo menos aqui em Cuiabá só se viu gente cheia de euforia e orgulho de sediar uma Copa do Mundo. Poucas vozes destoavam do discurso ufanista.
E agora, por que tanta raiva? Por que essa vontade de que tudo dê errado? Uma súbita conscientização? Uma manobra política às véspera das eleições?
Não sei. Só sei que não gosto da ideia "do quanto pior melhor". 

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