terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Bandido bom é bandido morto?


Há dias venho ruminando um tema que desperta sempre reações passionais. Não tenho a pretensão de fazer a cabeça de ninguém e sim apenas reafirmar meu ponto de vista.
Tenho horror à violência e sempre evitei ver cenas reais ou fictícias de violência explícita. Sou radicalmente contra tortura e linchamentos por razões que nem sei explicar. A ideia de um inocente sendo torturado para confessar o que não fez ou para delatar alguém me é repugnante, assim como a de alguém sendo linchado sem direito a defesa.
Sou a favor da lei, da justiça, mas não dessa justiça que só protege quem tem dinheiro, que se arrasta sem definir culpados e punições. Dessa justiça que manda presos comuns (e não os do colarinho branco) para presídios que reproduzem nossa sociedade, com sistemas viciados, corruptos, onde os mais fortes e/ou mais abonados impõem seus desejos à chamada massa carcerária.
Acho que a evolução da humanidade criou mecanismos para evitar a barbárie e a justiça pelas próprias mãos,  que é sempre feita no calor das paixões, da raiva. Um desses mecanismos é a força policial, supostamente criada para manter a ordem, para conter atos extremos. Infelizmente, nossa polícia se corrompeu e, na maior parte das vezes, age ela mesmo (através de seus representantes) como uma força irracional, preconceituosa, contribuindo para criar mais desordem, injustiça e terror.
Diante disso, é justo retornamos à barbárie? Não! Eu, pelo menos, não me sinto mais segura vendo casos de linchamentos de ladrões e atitudes violentas de supostos justiceiros que se voltam contra a face mais exposta dessa grande ferida que é nossa sociedade, com suas mazelas e desigualdades gritantes.
Eu poderia citar inúmeros casos que me levam a pensar assim, mas talvez seja inútil.
Só posso dizer que não concordo com a máxima "Bandido bom é bandido morto"! 
Quem é o bandido? O menor que se expõe e perambula pelas ruas causando terror? Sim, ele me assusta e eu gostaria de não ter medo dele quando cruzo na calçada com um guri com cara de noiado. 
Mas e o policial que ganha com o produto dos roubos? E o prefeito que desvia recursos destinados às escolas, à saúde e a outras obras de infraestrutura? E os vereadores que levam o seu para não se oporem ao prefeito corrupto? E o governador, o deputado, o senador e todas as autoridades que se escondem atrás do poder para provocar o caos social, deixando de aplicar recursos públicos onde realmente são necessários? E o juiz, o desembargador, o promotor, o procurador que usam sua posição para intimidar, acumular riqueza e poder?
Todos esses bandidos também serão mortos?
Confesso que sou hoje uma cidadã com medo e ando meio descrente quanto à possibilidade de mudarmos esta realidade a curto e médio prazo.
Mas quero morrer sem mudar minha forma de pensar e sentir. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Na minha opinião a máxima é válida quando o bandido é de colarinho branco, pois este tem faculdade mental para discenir o que é certo e errado, sempre teve do bom é do melhor. Mas o Brasil somente resolvera os seus problemas quando a educação for prioridade para o cidadão e não para o governo.