sábado, 2 de março de 2013

Elis, o dançarino





Na noite de ontem, uma amiga, Manoela, me ligou. Na hora pensei no Elis, um amigo em comum. Não deu outra: ela ligou para me comunicar o falecimento de Elis A. da Silva, 72 anos, ourives e o melhor dançarino do Chorinho - o bar Choros & Serestas de Cuiabá.
Não fui ao velório, nem ao enterro.  Escrever este texto é uma forma de reverenciar a memória de Elis.
Conheci o Chorinho em 2002, pouco antes de me mudar de Cáceres para Cuiabá, graças um encontro com Manoela em Cáceres. Ela me falou de um lugar onde costumava dançar e combinamos que me levaria lá na próxima vez que eu fosse a Cuiabá.
Não me lembro ao certo, mas provavelmente nessa primeira ida ao Chorinho conheci Elis. Na época ele era o par de Manoela. Os dois dançavam samba juntos divinamente. Manoela devia ter uns 20 e poucos anos. Ficamos amigas e comecei a frequentar o Chorinho em sua companhia quando me mudei para Cuiabá em fevereiro de 2003.
Nossa amizade durou até ela se mudar de Cuiabá, mas quando ela se foi eu já tinha outros amigos no Chorinho - muitos conquistados através dela.
O Elis era uma referência e estava sempre lá aos sábados. Uma figuraça! Gostaria de ter um vídeo dele dançando. Não sei de onde era, se tinha família, onde morava, só sei que ele dançava muito, tão bem que eu até ficava meio sem graça de dançar com ele. Jamais chegaria aos pés de sua partner Manoela.
Às vezes ele me elogiava e parecia que eu tinha ganho a noite.
De vez em quando ele sumia. Sinto que foi deixando de curtir tanto aquele Chorinho apinhando de gente que não deixava muito espaço para seus rodopios e passos de dançarino de gafieira. Quase não o vi mais depois que o Chorinho se mudou para um endereço novo, num local mais requintado.
Uma pena! Aos poucos, figuras como Elis vão desaparecendo. Queria ter dançado uma última vez com ele. Queria poder dizer que ele deve estar dançando numa festa no céu neste momento, mas não tenho esse dom. Sempre vou me lembrar de Elis com carinho e muita saudade de um bom tempo vivido em Cuiabá.
Manoela e Elis em nosso último encontro: um almoço em homenagem a sr. Gaspar,  no Chorinho, em 2012. Sr Gaspar também nos deixou no final do ano passado.


PS. Ele me lembrava um tio, Taciano, irmão do meu pai e uma pessoa bem presente na minha primeira infância.

2 comentários:

Martha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Martha disse...

A amiga Manoela pediu para eu inserir o seu comentário:
Obrigada Martha pela Linda homenagem ao nosso queridíssimo Elis.
Falar do Elis é falar de AMOR, GENEROSIDADE, ALEGRIA, BONDADE , ESPIRITUOSIDADE, CARÁTER e todos os outros adjetivos positivos que podemos dar a uma pessoa. Era (é) um grande homem acima de tudo.
Conheci Elis quando tinha 17 anos, no Clube dos Choros e Serestas (chorinho). Quando o vi dançar fiquei louca para dançar com ele. Um exímio pé de valsa. Deslizava no salão com passos próprios e uma criatividade de gênio no improviso. Conheci poucos dançarinos da sua estirpe. Um gênio no salão.
Nossa grande amizade começou quando dançamos juntos pela primeira vez. Depois desta primeira vez não nos largamos mais. São 21 anos de uma linda amizade cheia de alegrias e amor. Frequentávamos um a casa do outro e temos amigos em comum.
Elis só trouxe alegrias para a minha vida. Um prazer enorme em dançar que me levava ao êxtase. Era impressionante a harmonia que tínhamos em dançar. Tudo era perfeito. Cada passo, cada parada, cada gingada. Parecia até que ensaiávamos e nunca ensaiamos. Era perfeito. Quando dançávamos me senti a mais feliz.
É uma pena não termos nenhum registro em vídeo do nosso gênio dançando. Grande falha a nossa, pois quem já o viu dançar sabe do que estou falando.
Elis deixa uma ENORME SAUDADE e LINDAS LEMBRANÇAS.
Poderia ficar aqui , por horas, contando nossas estórias e todas as peripécias do nosso querido e amado Elis. Temos muitas estórias para contar.
Defeitos? Ele devia ter defeitos assim como nós temos, mas nossa amizade e sintonia eram tão fortes que em 21 anos nunca enxerguei defeitos nele.
Tenho certeza que quando eu falecer ele estará lá no plano espiritual me esperando para irmos a um pagode de primeira.
Com certeza ele agora está na companhia de dois outros amigos nossos que também já se foram e que temos muitas estórias juntas: Pedro Lobo e Mariusa.
Obrigada Elis, meu amigo e meu amor, por toda a felicidade e todas as coisas boas que você trouxe para a minha vida. Depois que te conheci eu me tornei uma pessoa mais feliz. E sua felicidade ficará sempre comigo guardada em minha mente e no meu coração.
Te amo pra sempre.
Manoela Cavalcante Lemos