sexta-feira, 8 de março de 2013

O sonho não acabou

É inevitável hoje pensar no Dia Internacional da Mulher. 
Confesso que fico até um pouco irritada quando algumas pessoas me cumprimentam pelo dia, mas não posso negar que fico feliz quando recebo um bombom do estagiário ou uma caixa de chocolate do chefe. Coisa de mulher ... Somos sempre tão contraditórias. 
Acho que a data é importante para se refletir sobre violência contra mulher e a questão das diferenças salariais, mas é claro que avançamos bastante, principalmente no Brasil, que é a realidade que conheço melhor.
Mesmo em Mato Grosso, uma terra de homens machistas, vejo muitas mulheres conquistando espaço no campo profissional.
 No campo político, acho que a participação da mulher em Mato Grosso ainda é muito tímida e a maioria das mulheres que se destaca, infelizmente, chegou à política pelas mãos de seus maridos (os Bezerras, Rivas, Maggis da vida, entre outros) e a maioria acaba trazendo para a vida pública os defeitos e práticas de seus companheiros.
É, nossa sociedade é ainda muito machista. Há poucos dias tive que me calar diante do comentário machista de um homem em posição hierarquicamente superior à minha: "Tenho que pagar um bom seguro para que minha mulher não se case com o primeiro homem que aparecer se eu morrer de repente". 
Quase comentei: "Diz para ela que o mercado está difícil e competitivo, e que tem mais homem querendo ser sustentado do que querendo sustentar. Além disso, os mais ricos preferem as mais jovens".
Mas é claro que houve avanços e a gente se dá conta disso assistindo à novela "Lado a lado" - a melhor desta safra de telenovelas. De vez em quando consigo assistir ao final de um capítulo e numa dessas vi a personagem da atriz Marjorie Estiano, a jornalista e professora Laura, falando a uma menina que as pessoas costumam mandar para o asilo de loucos as mulheres que não obedecem (foi o que aconteceu com a Laura na novela). A mesma Laura foi premiada como jornalista, mas perdeu o direito ao prêmio quando descobriram que uma mulher se escondia por trás de um pseudônimo.
Hoje, as redações da maioria dos jornais estão cheias de mulheres, inclusive em postos de comando. Isso tem um lado bom: não precisamos mais nos esconder atrás de pseudônimos, mas é inegável que a profissão de jornalista está desvalorizadíssima em termos salariais, o que acaba - pelo menos, em Mato Grosso - afastando os homens, que preferem ir atrás de carreiras mais rentáveis, como o Direito. Conheço várias jornalistas que fizeram essa troca.
Eu gosto de ser mulher, gosto de poder ser feminina, chorar quando me dá vontade e ter o direito de ser delicada, sem ser chamada de maricas. Procuro ser uma mulher digna, independente, que não apela para o sentimentalismo para conseguir ir em frente. 
Não é fácil. Tem hora que dá vontade de desabar e ter um homem provedor para tomar conta da gente, botar no colo e fazer carinho. 
Tento fazer com que minhas filhas não desacreditem do sonho de viver uma vida a dois, onde caibam sem conflitos a maternidade, a independência de ideias, o amor e o respeito. 
O sonho não acabou...       

Um comentário:

Dete disse...

Oi Martha,
Acho que a situação da mulher melhorou muito, mas ainda deixa muito a desejar em países como a Índia, no Oriente Médio, e na África em geral. Nunca me senti discriminada nos EUA por ser mulher, mas me sinto discriminada o tempo todo por ser imigrante e falar com sotaque. Talvez devessem criar o dia dos imigrantes nos EUA... Eu não gosto muito de dia disso, dia daquilo, porque parece que só realça as diferenças. Mas talvez esteja reclamando só porque não ganhei uma caixa de chocolate de ninguém :-) Bjs