segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Corra, Lola, corra


Há alguns dias uma amiga de longa data que mora há décadas nos Estados Unidos me alertou para a importância de ressaltar o lado bom da vida e não reclamar tanto nas redes sociais.
Concordei em parte com ela, pois acredito que tenho produzido ou (re)produzido postagens bacanas, que nos levam a ainda acreditar na humanidade. Mas é inegável que também reclamo muito, principalmente dos absurdos do atual (des)governo federal. 
Minha amiga destacou especialmente o fato de eu quase não publicar coisas positivas sobre Cuiabá, a cidade onde moro há exatos 17 anos!!! 
Eu juro que me esforço para gostar de Cuiabá, apesar do calor (hoje mesmo a apresentadora Maju Coutinho voltou a se referir à capital de Mato Grosso como "Cuiabrasa" no telejornal Hoje) e de um sem número de problemas. Muitos deles, reconheço, são comuns à maioria das cidades brasileiras.
Nos últimos quatro dias, caminhei muito por meu bairro - um ótimo bairro de Cuiabá, diga-se de passagem - e adjacências levando a cachorrinha da minha filha Marina para passear. 
Aqui cabe um parênteses rápido para explicar a natureza desses passeios: adotada há pouco mais de um ano, Lola é o animal mais dócil e apaixonante que conheci nos últimos anos e adora passear. Acho que é um resquício de sua vida como vira-lata. Sempre levo ela na guia, porém deixo - na medida do possível - que escolha seus próprios caminhos e é muito divertido "trotar" pelas ruas dos bairros Popular, Goiabeiras, Quilombo, Jardim Cuiabá, guiada por Lola. 
Sim. não sou eu quem a guio, quem me guia é ela. E como é ligeira a bichinha!  Sempre agradeço quando chego em casa inteira porque morro de medo de tropeçar nos inúmeros obstáculos que encontramos pelo caminho.
Quando encontramos uma calçada razoavelmente segura, nós praticamente corremos. Mas, na maior do tempo, são subidas e descidas, degraus, buracos de toda espécie e tamanho.
Juro que me esforço para ver a beleza das vias que percorremos, mas Lola não me dá tempo. Para um segundo para demarcar território e, pronto, já sinto o puxão na guia novamente.
E assim vamos nós descobrindo quintais inacreditáveis, repletos de cachorros que latem desesperadamente quando veem Lola passar. Baixinha e de rabo empinado, ela raramente dá bola. Quando encontra "um colega" pelas ruas, rola sempre um ritual de cheiração e estranhamento rápido, sem muitas delongas. Lola não perde tempo com outros cachorros. O negócio dela é passear, seguir em frente. Sempre.
De vez em quando, ela para e fica meio em dúvida sobre que caminho seguir. Nesses momentos, eu intervenho.
Esta postagem era para ser sobre as coisas positivas de Cuiabá, mas acabou sendo sobre Lola, de quem estou morrendo de saudade, pois ela voltou para Primavera do Leste, onde mora com suas duas "mães".
Já que acabei falando sobre buracos e obstáculos, vou aproveitar para relatar um fato ocorrido há poucas semanas. Eu saía inebriada do show da cantora Mônica Salmaso  e do músico Nélson Ayres com a Orquestra CirandaMundo, realizado no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, e não vi pequenos fragmentos de concreto deixados no chão do estacionamento. Resultado: levei um tombaço. Na hora, minha única preocupação foi me levantar rapidamente antes que alguém me visse no chão. Fiquei com o pé esquerdo (o que torceu) bem dolorido, mas já fui ao médico, tirei raio X e parece que tudo está OK. Se eu tivesse quebrado ou machucado, teria que processar a administração da Assembleia, já que é nítido que o trabalho de instalação do poste de luz do estacionamento foi mal feito. 
Mas, sinceramente, prefiro estar com o pé inteiro. Se não estivesse, como estaria levando Lola para passear pelas ruas imperfeitas de Cuiabá?

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