quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O tal do jet lag ...

Há uma semana retornei a Cuiabá e desde então estou ensaiando escrever sobre minha recente viagem à Austrália, repetindo o que fiz há três anos, após breve viagem à Europa (Holanda, Alemanha e República Tcheca). É uma forma de registrar os acontecimentos mais marcantes da viagem e compartilhar minha experiência com quem estiver a fim.
O tal do jet lag, entretanto, me pegou de jeito. Todo mundo me falou que é normal e, segundo pessoas que fizeram viagens equivalentes, leva-se de três a sete dias para readaptar seu organismo ao novo fuso horário. Sabe o que é estar exausto e não conseguir dormir? Acordar de madrugada e não conseguir fechar mais os olhos, vendo o relógio se aproximar da hora de levantar para o trabalho? Pessoas que sofrem com insônia conhecem bem esses sintomas, mas não é o meu caso, felizmente.
Fiquei praticamente um mês indo para a cama no horário em que costumo acordar no Brasil, sendo que a diferença de fuso entre a região da Austrália que visitei e Cuiabá é de 13 horas.
Na ida, os meus voos mais longos foram no período noturno e, como cheguei a Brisbane, por volta de 23h30, o cansaço da viagem permitiu que eu dormisse, apesar da excitação do reencontro com minha filha Diana. 
Acordei cedo no primeiro dia, cansada, porém, excitadíssima com tudo que o dia me oferecia: passeio à City, almoço num restaurante grego no riverside  (em companhia de Bárbara, amiga de Diana) e uma caminhada até New Farm Park no final do dia, com direito a uma aula de Boot Camp com um professor neozelandês. Obviamente, abandonei a aula na quarta sequência de exercícios, com medo de ter uma lesão ou um ataque de coração no meu primeiro dia na Austrália. 

Esqueci de contar que tive a grande sorte de ter um upgrade no voo de São Paulo para Joanesburgo pela South African Airways (SAA): viajei na primeira classe. Foi um sonho: dormi divinamente numa poltrona que se transformava numa cama perfeita. E ainda tive o prazer de conhecer uma família brasileira no banheiro do aeroporto em Joanesburgo.  As três pessoas (mãe, filha e namorado da mãe) estavam viajando para Perth e a companhia delas amenizou bastante as horas de espera (cerca de 7h) no aeroporto O.R. Tambo, em Joanesburgo.

Mas a volta foi longa e complicada. Saí de Brisbane no final da tarde de uma segunda-feira (16 de janeiro), com a previsão de reaver minha mala somente no Aeroporto de Guarulhos, onde chegaria por volta de 17h do dia 17 (que já seriam 5 de madrugada do dia 18 na Austrália).
Ao chegarmos no aeroporto de Perth, depois de seis horas de voo e uma diferença de duas horas no fuso horário, fomos informados ainda dentro da aeronave da Virgin Airlines (parceira da SAA) de que teríamos que pegar nossa mala e nos apresentar no balcão da SAA. Achei estranho, mas não imaginava o que estava por acontecer. Até então não tinha encontrado brasileiros no voo e viajei entre um asiático e uma moça com traços maoris (população nativa da Nova Zelândia) com um bebê no colo. Nenhum dos dois demonstrou disposição para conversa.
Na fila do check-in conheci um jovem casal brasileiro, que retornava ao Brasil depois de um ano em Gold Coast, na Austrália. Ana e Gabriel me contaram que nosso voo para Joanesburgo, que deveria partir por volta de 23h, tinha sido cancelado por "problemas mecânicos".
Ali começou nosso calvário: depois de aproximadamente duas horas, em que enfrentamos a fila do check-in em meio a rumores de que tinha gente que já estava aguardando o voo para Joanesburgo desde a noite anterior (essas informações foram confirmadas), pegamos um transfer (um ônibus que parecia aqueles usados em transporte escolar) para o hotel onde passaríamos à noite.
A informação da SAA era de que teríamos um transfer de retorno ao Aeroporto de Perth a partir de 10h da manhã. Também fomos informados de que cada passageiro teria 50 dólares australianos para despesas no hotel. Na hora, me pareceu uma fortuna. 
No hotel Pan Pacific, após fazer o check-in com um funcionário indiano, fui encaminhada ao meu apartamento - confortável, bem no estilo executivo em trânsito. Fiquei morrendo de medo de perder a hora no dia seguinte já que meu celular estava totalmente apagado. No meu aparvalhamento causado pelo transtorno do cancelamento, nem me lembrei de pedir um adaptador para o meu carregador. Consegui pedir à moça do room service que me acordasse às 8h e depois também consegui programar o rádio-relógio. Já tive um em casa, mas quem garante que a programação vai funcionar? 


Depois de um bom banho e uma pizza marguerita no quarto, tentei dormir,  mas estava muito tensa, tentando imaginar as consequências do cancelamento do voo. 
Acordei por volta de 6h e não consegui dormir mais. Aproveitei para tomar um banho caprichado e me lembrei de solicitar um adaptador (ou um carregador) à telefonista. Deixei o celular carregando e desci para tomar café. Ainda bem que tive a ideia de ver com a moça da recepção qual era o meu saldo quando percebi que o café da manhã era pago. Para minha decepção, só tinha 15 dólares de saldo (a pizza custou 25, paguei mais 5 de serviço de quarto e 5 pela água mineral - eu me esqueci de que estava na Austrália e poderia beber água da torneira). Por sorte os funcionários do hotel eram todos muito simpáticos. 
O rapaz que recebia os hóspedes para o breakfast foi muito gentil quando perguntei o que poderia comer com 15 dólares. Ele me mostrou algumas opções do menu (o café completo custava 27 ou 37 dólares, não me recordo) e optei por uma que me permitia comer vários tipos de pães (com direito a manteiga, geleia), porém não incluía o café. O moço disse que me daria o café de brinde. 
Depois desse café da manhã meio tenso em que procurei em vão por caras conhecidas, subi ao meu quarto e finalmente consegui me comunicar com minha filha Marina, no Brasil. Pedi ajuda a ela para cancelar o hotel que tinha reservado para pernoite em Guarulhos no dia 17. Quando já estava quase descendo, Ana - a paulista que conheci na véspera - me ligou, atendendo a um pedido feito na noite anterior. Com medo de perder a hora e ficar esquecida em Perth, pedi a ela para me ligar caso não me visse na recepção do hotel de manhã.
Quando desci, o casal já tinha pego o transfer, mas logo conheci outros brasileiros que também esperavam um lugar no pequeno ônibus junto com vários estrangeiros, todos passageiros do voo cancelado. Foram várias viagens até o aeroporto. Eu estava muito ansiosa para saber se conseguiríamos pegar o voo para a África do Sul e, no percurso até o aeroporto, conversei com uma sul-africana muito simpática, que tinha ido visitar o filho (ou a filha) na Austrália. Como a invejei por estar tão perto de casa, já que eu ainda teria que enfrentar o voo até São Paulo e depois mais um voo até Cuiabá! No caminho, foi possível ver como Perth é uma cidade bonita.

No aeroporto de Perth, sem exagero, cerca de três horas na fila do check-in. Todo mundo junto: vários idosos, uma senhora de cadeira de rodas, um senhor com problemas visíveis de locomoção, crianças de todas as idades ... 
Mas conseguimos nosso cartão para embarcar num voo que saiu por volta de 15h de Perth. Uma vez dentro da aeronave, tive o prazer de descobrir que Ana Paula, a amiga que fiz no hotel pela manhã, estava no banco da frente. Conversamos sobre a possibilidade de pedirmos para meu companheiro de assento trocar de lugar com ela, mas ficamos com vergonha de pedir. O homem era brasileiro (não parecia) e se ofereceu para trocar de lugar com Ana Paula. Ficamos tão felizes! Conversamos por cerca de três horas (quando cada uma contou boa parte de sua vida) e iniciamos o longo voo (de 10 horas) até Joanesburgo, que foi muito tranquilo e agradável. 
Chegando a Joanesburgo ... Vamos deixar esse capítulo para um segundo post. 

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