segunda-feira, 22 de abril de 2013

Gracias a la Vida - o livro

Ontem (domingo) li uma notícia sobre o livro "Gracias a la vida", no site do jornal Estado de S.Paulo (www.estadao.com.br), que mexeu muito comigo e foi tema de um post, publicado em seguida.
Acabei de constatar que ele sumiu do meu blog.
Não estou paranoica achando que alguém excluiu meu post, mas o fato é estranho e nunca tinha me acontecido.
Vou tentar recuperar o que eu escrevi, mas não sei se terei sucesso.
O livro é autobiografia do ex-preso político Cid Benjamin, fundador do PT e hoje afastado do partido que ajudou a afundar.
Segundo a matéria do Estadão, o livro vai desagradar a todo mundo e uma das razões para isso é o fato de o autor dar uma visão diferente sobre os homens que o torturaram barbaramente. De alguma forma, ele os humaniza, ao dizer que "eram pessoas normais", o que torna ainda mais grave a prática da tortura.
Outro fato que deverá provocar polêmica, na opinião de Cid Benjamin, é sua opinião em relação ao médico Amílcar Lobo, que já citei várias vezes neste blog por causa da entrevista que fiz com ele para a revista Veja nos anos 1980, em que denunciava ter visto o deputado Rubens Paiva muito machucado após sessões de espancamento no tristemente famoso quartel da Barão de Mesquita, na Tijuca (RJ). Lobo foi o primeiro militar ligado às forças da repressão a contestar a versão fantasiosa do Exército de que Paiva teria fugido e por isso estaria desaparecido.
Embora tenha sido um dos presos políticos a denunciar Amílcar Lobo em seu consultório de psicanalista (já nos anos 80), Benjamin diz no livro que a atitude da esquerda em relação ao médico do Exército (que conheceu durante sessões de tortura na famosa Casa de Petrópolis) foi equivocada.  Na opinião do autor, teria sido mais humano e produtivo ouvi-lo, ampará-lo e buscar mais informações com Lobo sobre os porões da ditadura.
Achei surpreendente essa atitude de alguém que foi torturado e teve um corte na cabeça suturado por Lobo sem anestesia, entre outros procedimentos nada éticos do dr Carneiro (como Lobo era chamado por seus colegas de farda) do ponto de vista médico. Na minha ingenuidade e desejo de acreditar no ser humano, eu acreditei no desejo de Lobo de obter a remissão de seus atos nos porões da ditadura e a aceitação da sociedade (sobretudo a psicanalítica) ao se abrir para um órgão de comunicação e contar uma verdade que teimava em permanecer escondida.
Infelizmente, Lobo morreu sem obter sua redenção e sempre foi apontado por todos como "um lobo em pele de cordeiro".
Não li o livro de Cid, mas fiquei morrendo de vontade de lê-lo.

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