sábado, 13 de abril de 2013

Chatô



Que baixinho arretado!

Esta semana acabei de ler "Chatô", de Fernando Morais. Li com quase 20 anos de atraso (a minha edição do livro, da Companhia das Letras, é de 1994) ...
É engraçado isso. Tem livros que são meio datados e, quando você lê fora da época, parece que está cometendo uma heresia.
Eu ganhei "Chatô", um calhamaço de mais de 700 páginas, de minha irmã Junilza. Acho que tentei ler o livro pelo menos duas vezes, mas não conseguia passar das primeiras páginas.
Quando dei aulas no curso de Jornalismo da UFMT, em 2004/05, meus alunos comentavam sobre o livro e eu ficava até com vergonha de dizer que não tinha conseguido ler.
Este ano, do nada, resolvi tentar mais uma vez e fui me envolvendo com o livro. Tem umas passagens que são um pouco confusas, gente demais, nomes demais. Eu acho que a história pessoal  de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892-1968) - tudo que envolve a família, filhos, mulheres - volta e meia entra na história mais pública (política, empresarial) de uma forma meio intempestiva.
Mas o livro é fantástico e leitura obrigatória para se conhecer - e se entender melhor - o panorama político, empresarial e jornalístico do Brasil no século XX.
Que personagem, esse Chatô! Embora não tenha simpatizado com ele - por seu autoritarismo e a forma extremamente egoísta que lidava com a família, os amigos e negócios (vide o episódio envolvendo sua filha Teresa e a mãe dela, que deixou Chatô para viver com outro homem) -, tenho que tirar meu chapéu para sua energia, seu empreendedorismo, sua coragem, a forma destemida como enfrentava situações que pareciam totalmente sem saída (como no episódio em que estava sendo exilado para o Japão).
É impressionante como ele conseguiu criar, do nada, um império das comunicações (os Diários Associados) e inventar campanhas mirabolantes. Impressionantes também a  história da criação do Masp e tantas outras narradas ao longo do livro.
Confesso que fiquei triste quando cheguei à última página, mesmo que com uma sensação de vitória por ter conseguido - desta vez- ir até o fim.
Ainda estou meio ressaqueada, sem conseguir iniciar outra leitura, como fico geralmente quando termino de ler um livro que me envolveu muito.
Talvez o que mais tenha me impressionado no livro foi o fato de Chatô jamais ter deixado de escrever. Mesmo doente e com os movimentos dos dedos totalmente limitados, ele deu um jeito de continuar escrevendo seus artigos. O estilo era muito louco - exagerado, altamente agressivo, abusivo -, fiel ao estilo da época. Mas é impressionante o seu talento para a comunicação, a necessidade que ele tinha de expressar suas ideias, dar vazão a seus projetos por mais loucos e exóticos que fossem.
Quero ler outras biografias agora.
Demorei muito para ler "Chatô", mas valeu a pena.

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