sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Filhote desse lugar


No início da noite desta primeira quarta-feira de setembro, sob um calor enlouquecedor, corri para o Sesc Arsenal, no Centro de Cuiabá, onde por aproximadamente 50 m, relaxei, ri e me emocionei com o documentário “Filhote deste lugar”, dirigido por Juliana Capilé, que faz parte do Projeto Mestres da Cultura – Uma homenagem à Vera Capilé.

Tenho o prazer de conviver com Vera mais assiduamente desde 2017 quando nos tornamos colegas no Coro Experimental MT. Nesses últimos quatro anos a gente se aproximou muito e conheci a Vera avó, mãe, irmã, esposa, cozinheira, costureira, psicóloga, gerontóloga, que convive muito bem com a Vera cantora, coralista, compositora, atriz e escritora.  Que mulher danada!

Mesmo assim, eu me surpreendi com “Filhote deste lugar”, que é também o título de uma das composições de Vera Capilé.

Como resumir 60 anos de carreira e 72 anos de vida em cerca de 50 minutos? Pois Juliana Capilé e sua equipe conseguiram fazer isso com maestria! É o tipo do documentário que dá vontade de ver e rever e rever porque são tantos detalhes, é tanta informação, que se torna impossível registrar tudo de uma vez.

Mas o mais importante é perceber a grandeza de Vera. Ela é muito maior do que aparenta ser! A menina atrevida, travessa, que viveu intensamente sua infância em Dourados (MS) e a juventude numa Cuiabá provinciana e, ao mesmo tempo, cheia de vida, encontros, cultura, foi acumulando diversas experiências ao longo das décadas.

Participou do saudoso Projeto Pixinguinha, com o qual levou a cultura mato-grossense à Europa e a outros estados brasileiros; uniu-se a vários parceiros artísticos e acabou aterrissando no Coro Experimental MT para acrescentar uma vivência nova: a de ser coralista.

Disciplinada, generosa, abriu portas para novos artistas e sempre foi muito amiga dos amigos, como o ator Liu Arruda (1957-1999) – uma amizade que rendeu alguns dos momentos mais emocionantes do documentário.

Minha intenção aqui não é contar tudo. Não quero lhe tirar, caro(a) leitor(a), o prazer de assistir a “Filhote deste lugar”. Mas aproveito para destacar a qualidade técnica do documentário, com fotografia e som impecáveis, sem falar, é claro, da trilha sonora. Uma legião de artistas e amigos de Vera, de Mato Grosso e de outros estados (e até do exterior), desfila no documentário em depoimentos que se entrelaçam e se complementam com um único objetivo: contar um pouco da carreira de Vera Capilé e mostrar por que ela merece como poucos o título de Mestre da Cultura.

O documentário “Filhote deste lugar” foi produzido com recursos da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), graças ao projeto apresentado e coordenado por Tatiana Horevicht. Nessa quarta-feira foi distribuído ao público um livro como parte da homenagem à Vera Capilé e ele traz como inovação um QR Code, que permite o acesso ao álbum comemorativo “Vera Capilé – 60 anos de Carreira”.

Nessa mesma noite a homenageada autografou seu livro “De Matto-Grosso a Mato Grosso – Das fronteiras paraguaias ao centro geodésico da América do Sul: a trajetória de um caminhante” (Entrelinhas Editora – 2021), também publicado com recursos da Lei Aldir Blanc. Nesse livro, ela conta a história de seu pai Sinjão Capilé, que faleceu em 2015, aos 99 anos, e é até hoje sua grande inspiração.

É ou não é uma mulher danada?

PS. Fotos e arte do projeto são de autoria de Fred Gustavos.


3 comentários:

DEIZE AGUENA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vera Capilé disse...

Você é muito generosa minha amiga! Tem uma crítica que eleva. Muito!!!!!

Unknown disse...

É uma Tia maravilhosa c muitas qualidades reunidas em um só ser! Esse ser carinhoso q faz parte da família linda q tenho, só nos enobrece ainda mais a alma! Só temos a agradecer!