domingo, 7 de julho de 2013

A luta pela vida

Hoje de manhã conversei com uma das minhas irmãs que me  "cobrou" pela falta de posts e eu respondi que não estava tendo mais tempo, nem vontade de escrever.
Pois acabei de chegar de Cáceres e me deu vontade de contar uma história vivida lá ontem.
Fui de carona com uma pediatra que atende na UTI neonatal de um dos hospitais da cidade. Saímos de Cuiabá às 4 da madrugada porque ela precisava pegar o plantão às 6h, substituindo a mulher do meu primo. Como eu ia para a casa de Márcia, nosso encontro aconteceu no hospital.
Enquanto eu esperava por ela, ouvi choro de uma mulher e perguntei o que tinha acontecido à médica que me trouxe. Ela respondeu que um bebê tinha acabado de morrer. Achei triste e continuei na sala de repouso dos médicos esperando que as duas médicas trocassem informações antes da mudança de plantão.
Alguns minutos depois vi e ouvi a mãe do bebê recém-falecido que falava com alguém da família pelo celular entre soluços. De repente, a enfermeira veio avisá-la que o seu filho estava vivo. 
Pareceu tão surreal: o coração do nenê voltou a bater depois de muito tempo, tempo suficiente para a médica de plantão esperar pelo atestado de óbito e assiná-lo!
Fiquei feliz com a notícia, afinal eu tinha acabado de testemunhar um milagre. Na saída, perguntei à Márcia sobre o caso e ela me disse que o bebê (um menino) tinha poucas chances de viver,  já que nasceu com uma cardiopatia grave.
Fiquei pensando naquelas mães com seus bebês em incubadoras, lutando pela vida ou por serem prematuros ou por terem nascido com doenças graves e me dei conta de quanto fui feliz por ter tido duas filhas tão perfeitas. 
Hoje, voltei a Cuiabá com a mesma carona e assim que entrei no carro soube que o nenem estava muito bem. A médica comentou: "Acho que ele chegou lá em cima e mandaram ele voltar". 
Essa história poderia ter um final feliz se acabasse aqui, mas não posso deixar de contar o que me disse a médica que me deu carona: segundo ela, esse bebê tem poucas chances de viver porque ele precisa de um transplante e só poderá fazê-lo quanto tiver um mínimo de 10 k - isso se conseguir um órgão compatível. Se tudo isso acontecer, ele deverá viver no máximo 10 anos porque esse é o tempo que as pessoas conseguem viver com um órgão transplantado. Eu não sabia disso. 
Essa é a história que queria compartilhar hoje. Uma história triste e, ao mesmo tempo, bonita, que revela um pouco da complexidade da vida e da luta pela vida daqueles bebezinhos aparentemente tão indefesos e do sofrimento e da esperança de suas mães que ficam ao seu lado. Diante de tudo isso, amo ainda mais minhas filhas e valorizo cada segundo que puder passar ao lado delas. 

Um comentário:

Junior Silgueiro disse...

Que história, hein Martha?! Como deve ser criar uma criança sabendo da sua morte? Inimaginável. Graças pelas nossas vidas. Abração!