Há alguns dias li o texto "A passagem do meio (Da miséria ao significado da meia-idade)", de James Hollis, gentilmente enviado por um amigo depois de ler um post escrito aqui.
Venho me dedicando com afinco à leitura do texto. Fiz uma primeira leitura que me emocionou bastante e agora estou em meio à segunda, que estou fazendo com mais vagar, como convém a esse tipo de texto.
O que ele tem de tão especial?
Em primeiro lugar, fala de um momento muito especial de nossas vidas - aquele em que a gente, por mais que não queira, vai assumindo aquela postura de quem caminha em direção ao abatedouro.
Aos 50 e tantos anos (57 no meu caso), por mais que alguns artigos e reportagens tentem nos fazer mudar de opinião, assim como exemplos de pessoas que começam um novo amor ou uma nova profissão depois dos enta, temos a sensação de que já tivemos as melhores oportunidades da vida e vivemos os melhores anos no auge de nosso vigor físico e mental.
Nessa idade, ou você já deu "certo" (é próspera, saudável, bem situada profissionalmente, tem um relacionamento estável com outra pessoa, uma legião de grandes amigos, etc, etc) ou você fica com aquela sensação meio amarga na boca.
Nessa autoavaliação, há fatores objetivos e muito subjetivos, é claro. Não adianta alguém vir e lhe dizer que você é muito legal, que te admira, porque o que conta mesmo é a sua autoestima, que, no meu caso, é baixa.
Mas retomando o texto "A Passagem do Meio", meu objetivo aqui é compartilhar uma experiência interessantíssima que comecei a viver desde a sua leitura. Eu me identifiquei muito com o texto e estou procurando reavaliar e ressignificar algumas situações à luz das observações do autor, um psicanalista norte-americano junguiano.
O texto nos propõe uma pergunta básica e essencial: "Quem sou eu, além da minha história e dos papéis que interpretei?"
É essa pergunta que venho me fazendo diariamente há algumas semanas.
Já descobri, por exemplo, que por uma razão de sobrevivência familiar assumi o papel de uma pessoa fraca, que precisa de proteção e, para garantir essa situação (des)confortável, acabo metendo os pés pelas mãos e fico com a sensação de que sou "menos" do que gostaria.
Isso me lembra quando comecei a dar aulas no curso de Letras da Unemat, em Cáceres, no início dos anos 1990. Embora estivesse dando um passo ousado (enfrentar uma sala de aula pela primeira vez na vida), achava que estava aquém de minhas colegas e sempre me colocava numa postura retraída. Eu me lembro de ter dito numa reunião uma frase atribuída ao comediante Grouxo Marx: "Nunca frequentaria um clube que me aceitasse como sócio". Eu sabia o que estava falando, mas não sei se cheguei a ser realmente compreendida.
Aos poucos, conquistei com meu esforço a admiração e a confiança de muitos alunos, colegas e chefes, mas, mesmo assim nunca consegui incorporar essa experiência como uma vitória e uma prova da minha capacidade pessoal e profissional. Pelo contrário, eu me cobro até hoje por não ter tido a capacidade de transformar essa rica experiência transitória numa situação mais perene que me garantisse hoje uma renda estável e permanente.
Venho me dedicando com afinco à leitura do texto. Fiz uma primeira leitura que me emocionou bastante e agora estou em meio à segunda, que estou fazendo com mais vagar, como convém a esse tipo de texto.
O que ele tem de tão especial?
Em primeiro lugar, fala de um momento muito especial de nossas vidas - aquele em que a gente, por mais que não queira, vai assumindo aquela postura de quem caminha em direção ao abatedouro.
Aos 50 e tantos anos (57 no meu caso), por mais que alguns artigos e reportagens tentem nos fazer mudar de opinião, assim como exemplos de pessoas que começam um novo amor ou uma nova profissão depois dos enta, temos a sensação de que já tivemos as melhores oportunidades da vida e vivemos os melhores anos no auge de nosso vigor físico e mental.
Nessa idade, ou você já deu "certo" (é próspera, saudável, bem situada profissionalmente, tem um relacionamento estável com outra pessoa, uma legião de grandes amigos, etc, etc) ou você fica com aquela sensação meio amarga na boca.
Nessa autoavaliação, há fatores objetivos e muito subjetivos, é claro. Não adianta alguém vir e lhe dizer que você é muito legal, que te admira, porque o que conta mesmo é a sua autoestima, que, no meu caso, é baixa.
Mas retomando o texto "A Passagem do Meio", meu objetivo aqui é compartilhar uma experiência interessantíssima que comecei a viver desde a sua leitura. Eu me identifiquei muito com o texto e estou procurando reavaliar e ressignificar algumas situações à luz das observações do autor, um psicanalista norte-americano junguiano.
O texto nos propõe uma pergunta básica e essencial: "Quem sou eu, além da minha história e dos papéis que interpretei?"
É essa pergunta que venho me fazendo diariamente há algumas semanas.
Já descobri, por exemplo, que por uma razão de sobrevivência familiar assumi o papel de uma pessoa fraca, que precisa de proteção e, para garantir essa situação (des)confortável, acabo metendo os pés pelas mãos e fico com a sensação de que sou "menos" do que gostaria.
Isso me lembra quando comecei a dar aulas no curso de Letras da Unemat, em Cáceres, no início dos anos 1990. Embora estivesse dando um passo ousado (enfrentar uma sala de aula pela primeira vez na vida), achava que estava aquém de minhas colegas e sempre me colocava numa postura retraída. Eu me lembro de ter dito numa reunião uma frase atribuída ao comediante Grouxo Marx: "Nunca frequentaria um clube que me aceitasse como sócio". Eu sabia o que estava falando, mas não sei se cheguei a ser realmente compreendida.
Aos poucos, conquistei com meu esforço a admiração e a confiança de muitos alunos, colegas e chefes, mas, mesmo assim nunca consegui incorporar essa experiência como uma vitória e uma prova da minha capacidade pessoal e profissional. Pelo contrário, eu me cobro até hoje por não ter tido a capacidade de transformar essa rica experiência transitória numa situação mais perene que me garantisse hoje uma renda estável e permanente.