sábado, 19 de outubro de 2013

Música divina música


Itiberê e Mariana Zwarg em Cuiabá - foto Arquivo Sesc Arsenal
Depois de ver um monte de notícias ruins no Facebook, vou fazer um esforço para resgatar o sentimento que me animava quando voltei para casa ontem depois de um show maravilhoso no teatro do Sesc Arsenal, em Cuiabá.
Tão lindo que preciso contar para mais gente o que aconteceu lá.  Essa é a pretensão do jornalista ou do escritor, seja ele blogueiro ou apenas um frequentador das páginas de mídia social.
Vamos aos fatos: fui ao show dos professores convidados para os cursos e oficinas de Música que aconteceram ao longo da semana, no Sesc Arsenal. Na verdade, saí do trabalho e fui direto para o Sesc com o objetivo de assistir ao show de Itiberê Zwarg, contrabaixista do Hermeto Pascoal, arranjador, produtor musical e educador. Sabia que ouviria um som no mínimo instigante, diferente. E de graça.
Para minha surpresa, encontrei isso e muito, muito mais.
O show começou com uma apresentação do grupo da oficina de sopros de Víttor Santos, que formou uma big band em cinco dias de prática. Foi lindo! Eles tocaram várias composições do próprio Vittor Santos, que ainda nos brindou com uma aula sobre a evolução musical das big bands. Alguns músicos do grupo me eram familiares como o trompetista Tony Maia e o sax tenor Andrei, e fiquei muito feliz de saber que muitos deles fizeram parte do Instituto Ciranda - Música e Cidadania, aquele que não me canso de elogiar. O som foi maravilhoso, viajante, contagiante ...
Ah, eles ainda apresentaram um número com a cantora Muiza Adnet, irmã da Maucha, do Mário e tia do Marcelo, e contaram com a participação do baixista André Vasconcellos (que deu o curso de contrabaixo) e de um baterista cujo nome perdi.
Em seguida, começou a apresentação de Itiberê, ao piano, e de sua filha Mariana (flautas). Eles interpretaram vários temas conhecidos, mas de uma maneira tão única e especial, entre eles, "Na Baixa do Sapateiro", "Índia" (com o saxofonista Augusto, também oriundo do Ciranda), "Cantador" com Muiza e "Bebê" com André Vasconcellos e o baterista fantástico cujo nome não memorizei. 
Nem sei o que destacar: a cumplicidade entre pai e filha? A forma maravilhosa como Itiberê - um músico que já percorreu o mundo inteiro - se referiu ao jovem e talentoso saxofonista Augusto? A beleza da interpretação de Muiza de uma música que adoro ("Cantador" - uma parceria de Dori Caymmi e Nélson Motta)? Ou a delícia de ouvir a releitura de "Bebê", composição de Hermeto Pascoal?
A essa altura do show, eu já estava totalmente feliz, mas houve mais uma surpresa: a apresentação dos alunos da Oficina de Prática de Conjunto, dirigida pelo próprio Itiberê. No palco, três jovens - uma delas Laura Pompeu, de apenas 15 anos -, dois violonistas (um deles, Joelson Conceição), dois percussionistas, um contrabaixista e um saxofonista. Sob a regência de um empolgadíssimo Itiberê, o grupo apresentou uma composição feita coletivamente durante a oficina ("Tô chapada").
Adorei! Eles começaram só na base do vocal (e que vocal!) e só depois entraram os instrumentos (trompa, dois saxes, dois violões, contrabaixo e percussão) mais a voz de Laura. Foi show! 
No final, Itiberê fez um breve discurso lindo, agradecendo ao Sesc Arsenal pela oportunidade de trabalhar em Cuiabá mais uma vez e elogiando os músicos participantes de oficinas e cursos. 
Ele disse que o mundo está muito "estropiado" e que a música pode ajudar muito a melhorar essa situação por ser "uma fonte sem fim". 
Realmente. Sou obrigada a respeitar todos os gostos, mas há músicas que elevam o espírito, fazem bem à alma ou seja lá o que temos dentro do nosso corpo. Outras parecem que não fazem diferença, às vezes até nos irritam, estressam. 
É muito estimulante ouvir tantos músicos bons e promissores de Cuiabá. Faz a gente esquecer um pouco o horror que esta cidade se tornou com tanta violência, tanto descalabro por parte de políticos que, infelizmente, só estão no poder porque os elegemos. 

2 comentários:

Murilo Alves disse...

Parabéns Martha, é muito bom ter alguém como você no meio musical... falando da esperiência estética do ponto de vista do espectador...acredito muito que a música caminha firme rumo a novas realidades em nosso estado, nas diversas frentes. É muito importante ter você participando ativamente..Forte abraço.

Martha disse...

Obrigada pelo comentário, Murilo! É sempre bom respirar o ar do Ciranda, que, certamente, tem uma importância primordial nessa caminhada da música em Mato Grosso.