Hoje, quando saía para o trabalho na Entrelinhas Editora, acabei me envolvendo num episódio inusitado. Logo que deixei a garagem do meu prédio vi um cachorro andando na direção contrária dos carros e um homem que tentava pegá-lo. Quando dei a volta no quarteirão para seguir meu caminho encontei novamente o rapaz e lhe perguntei sobre o cachorro. Acabei pegando seu celular para ligar caso eu visse o cão pelo caminho.
Não é que o encontrei uns três quarteirões adiantes! Liguei no celular do cara (que eu memorizei), desci do carro (era uma rua vazia) e fiquei esperando por ele perto do animal, que estava deitado, de língua de fora.
O moço chegou, agradeceu minha ajuda e me contou que a cadela, Neca, tinha fugido quando ele foi levá-la num pet shop na minha rua. Ele me disse também que nem ia deixar que ela o visse para não fugir novamente. Achei estranho e perguntei se eles tinham transporte. Ele respondeu que alguém vinha encontrá-lo.
Fui embora me sentido feliz como uma bandeirante (escoteiro de saia) que tinha acabado de fazer a boa ação do dia. Para minha decepção, minutos depois voltei a me deparar com Neca que, desta vez, fugia do rapaz do pet shop que a seguia numa moto. Pensei em ajudar, mas constatei minha impotência diante da situação e segui meu caminho, deixando Neca e seu "algoz" ou "protetor" brincando de pega-pega na Rua 8 de Abril (a rua do canal).
Fiquei com tanta peninha dela. Tive vontade de confortá-la, afagá-la, protegê-la como fazia com meus cães em Cáceres. Mas, tive que ser pragmática e continuo me perguntando: onde está Neca agora? Por que ela tem tanto medo de pet shop? Como é a relação dela com seu dono?
Como fiquei com celular dele, fico tentada a ligar para saber a resposta para a primeira pergunta.