segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O último voo

Estou me esforçando para não começar a semana triste. Tenho muitos motivos para estar triste e outros tantos para estar alegre, mas nem sempre é assim que as coisas funcionam.
Talvez seja meio hormonal, sei lá...
O certo é que minhas duas filhas viajaram ontem e é inevitável sentir os efeitos da síndrome do ninho vazio.
Peguei alguns filmes em DVD para assistir e fugir da programação  dominical da TV, e acabei vendo um filme muito bonito, que desconhecia.
Chama-se "O último voo", é francês e dirigido por Karim Dridi. O filme é protagonizado por Marion Cotillard, uma atriz maravilhosa (a Edith Piaff do filme), e se passa no deserto do Saara, no início da década de 1930. A fotografia é linda, a música também e há cenas em que quase nada acontece durante a caminhada de Maria (Marion) e o tenente Antoine Chauvet (o ator Guillaume Canet, marido de Marion na vida real) em busca de Bill Lancaster, piloto inglês que desapareceu durante uma tentativa de recorde na travessia entre Londres e o Cabo.
Lancaster é o grande amor de Maria, uma piloto destemida e aventureira.
Li depois algumas críticas sobre o filme (aliás, achei pouca coisa disponível) e elas se queixam de falhas no roteiro. Realmente, é muito doido: o conflito entre os franceses invasores e os tuaregs (os árabes locais), que serve de pano de fundo para boa parte do filme, é deixado de lado a partir de um certo momento. A gente fica sem saber o que aconteceu no confronto iminente entre franceses e tuaregs.
Se não levarmos em conta esse "detalhe", pode-se dizer que o filme é muito bonito e me lembrou bastante "O paciente inglês", que quero rever qualquer hora.
O filme me tocou especialmente porque Antoine acaba se lançando na tentativa louca de resgate porque sua vida ficou meio sem sentido (segundo ele). Ou seja, viver sem um sentido ou morrer não faz assim tanta diferença, ou então - outra leitura que faço agora - é preciso desesperadamente dar um sentido à vida nem que seja se agarrando ao "sentido" do outro.
Aos poucos, Maria e Antoine vão se confrontando, se apoiando e (re)descobrindo o amor, que fica literalmente no limite entre a vida e a morte.
Fui dormir nesse clima e acordei meio triste, juntando forças para fazer as coisas que precisam ser feitas, mas questionando o quanto é esta a vida que quero para mim. Será que ainda tenho forças para um último voo ou para tentar mudar o rumo dos acontecimentos?

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