segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Gratidão



Ao sair de casa nesta manhã, encontrei uma vizinha que entrava no elevador numa cadeira de rodas, empurrada por uma pessoa da família. Apesar de sua aparente fragilidade, causada pela quimioterapia, ela estava sorridente. 
Segui para o trabalho pensando em como a vida tem sido generosa comigo. Agradeci por meu trabalho, por minhas filhas, minha família, minha casa, minha diarista que apareceu inesperadamente para trabalhar hoje, pela comida, por meu carrinho velho mas ainda funcional, por ter saído de casa e retornado em segurança após três semanas de férias, pelas férias, etc, etc, etc
Agradeci e me deparei com um antigo dilema. A quem devo agradecer? A quem devo dirigir meus agradecimentos? A Deus, diriam muitos de meus amigos e parentes. 
Esse é o meu maior dilema: apesar de ter sido criada numa família católica, ter sido batizada, crismada e ter feito primeira comunhão, nunca mais consegui me reaproximar da Igreja Católica após ter perdido a fé com pouco mais de 17 anos. Tentei me aproximar de outras religiões, mas ainda não me encontrei.
Vejo e admiro amigos que falam sobre as vantagens de um exerício diário de gratidão e da força do pensamento. Quero seguir seus exemplos, ser mais simples e transpirar paz para todos ao meu redor, mas não consigo. Tem um lado meu que é extremamente resistente a isso. 
A questão crucial para mim é: por que eu seria mais merecedora de coisas boas que outras pessoas? Se não sou mais merecedora ou se as coisas boas ou más acontecem de forma aleatória na nossa vida por que devo agradecer? E a quem devo agradecer? 
Não posso dizer que sofro terrivelmente com isso, mas, à medida em que a gente vai ficando mais velha, a necessidade de acreditar, de se espiritualizar, de compreender e aceitar melhor as coisas fica maior.
No entanto, apesar da minha incredulidade, decidi aceitar o convite da amiga Liana Menezes e vou fazer o exerício da gratidão. 
Todo dia deste ano de 2015 vou escrever uma mensagem aqui neste blog - que anda meio abandonado - registando minha gratidão por alguma coisa.
Então, para começar, hoje sinto gratidão por:
- todo mundo da minha família que viajou neste final de ano ter chegado bem a seu destino até agora;
- por ter passado Natal e Ano Novo junto de minha filha Marina, irmãs e outras pessoas da família;
- pela felicidade de minha filha mais velha, que está atualmente na Austrália;
- por ter um lar e um trabalho honrado que garante minha sobrevivência e de minhas filhas;
- por minha saúde.

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