segunda-feira, 3 de agosto de 2015

De alma lavada


Foto de Maria Teresa Carrión Carracedo

Não sei se conseguirei reproduzir neste post toda a delícia que foi assistir à apresentação do compositor mineiro Flávio Venturini e da Orquestra Sinfônica da UFMT, sob a regência do maestro Fabrício Carvalho, em Chapada dos Guimarães, nesse domingo.
Aos 66 anos, Flávio é um músico singular. Nunca foi um grande astro da MPB, porém tem composições belíssimas e surpreende por seu ecletismo.
Sua obra inclui pérolas como "Todo azul do mar" e "Espanhola" (em parceria com Guarabyra) - aquele tipo de música que todo mundo adora cantar quando a turma se reúne para tocar violão.
Mas também inclui um bolero maravilhoso, "Besame", que só recentemente descobri ser de sua autoria. E no domingo, eu - que me considero tão bem informada em termos de MPB - descobri que uma das mais lindas canções do grupo Legião Urbana ("Mais uma vez") é fruto de uma parceria de Renato Russo e Venturini. 
Aliás, esse foi um dos pontos altos do show da Chapada: o maestro Fabrício Carvalho, muito à vontade no palco, conduziu a apresentação de forma muito espontânea, ressaltando o tempo todo o prazer de estarem ali - Flávio e a orquestra bisando o show feito em abril, no Teatro da UFMT - diante daquele público bem família: muita gente mais velha, avós, pais e filhos se confraternizando num início de noite de clima ameno, no Festival de Inverno da Chapada.
O show/concerto teve espaço para a belíssima "Nascente" e outras mineirices como "Travessia" (dos amigos Milton Nascimento e Fernando Brant, este recentemente falecido, companheiros de Flávio no Clube da Esquina), "Caçador de Mim" e "Clube da Esquina 2" - uma das músicas mais lindas que conheço.
Também teve momentos à la Rick Wakeman - o músico britânico que, nos anos 70/80 nos eletrizava com seus teclados e apresentações apoteóticas.
Tem tudo a ver: o mineiro Flávio, grande instrumentista, ex-integrante da banda O Terço e do 14 Bis, bebeu na fonte do rock progressivo na década de 70 e construiu uma página da MPB que mistura a pegada mineira, a poesia do Clube da Esquina com influências do rock e outros ritmos.
Depois de duas horas de show, que teve direito ainda a uma bela homenagem à Chapada dos Guimarães, saímos todos de alma lavada, embalados pela música e pelas belas imagens projetadas no telão. 
"Quem acredita sempre alcança" - é o mote dos versos de Renato Russo na canção que talvez tenha sido para mim a mais bela surpresa da noite. 

3 comentários:

Maria Teresa disse...

Você tem razão, Martha. Quem assistiu ao show e à performance da Orquestra e de Venturini, saíram mesmo de alma lavada.
Excelente resenha do show... Maria Teresa

Terezinha Costa Caixa disse...

Ai, como eu gostaria de estar lá. Preciso lavar minha alma! ��

Martha disse...

Grata pelos comentários! Saudades, Terezinha!