Aproveito o título de uma série famosa há algumas décadas para refletir um pouco sobre o amor.
Ontem assisti a um show muito bonito: a cantora acreana Célia Gomes e o pianista/acordeonista André Dantas apresentando canções de Edith Piaff ("Chansons d'amour").
Para ser sincera não gosto tanto da voz de Piaff e até fiquei receosa de não gostar muito da apresentação, porém amei! De aparência muito jovem, Célia tem uma linda voz: suave e consistente, capaz de voos mais altos quando é necessário. André arrasou no piano e no acordeão, dando um toque jazzístico aos arranjos. Muito bom!
Uma canção especialmente me fez pensar: "Je ne regrette rien", algo como "Não me arrependo de nada". Piaff era uma mulher apaixonada, que ia fundo em suas paixões e sofreu muito (eu me lembro vagamente do filme "Piaff", que adoraria rever hoje).
Não pretendo ser uma Piaff nessa altura da vida, até porque não tenho temperamento para isso. Mas, às vezes, me questiono se amo o suficiente.
É claro que sou completamente apaixonada por minhas filhas (não me canso de repetir isso) e fico muito feliz que elas reconheçam esse amor. Fui totalmente apaixonada pelo pai delas, tanto é que mudei minha vida por conta dele. Não me arrependo disso, mas a forma como nosso amor acabou me fez ficar ressentida por muito tempo e muito ressabiada com os homens.
Ok, quando se fala em amor não precisamos falar necessariamente de uma relação a dois. Amor é muito mais que um casal, inclui amor à família, aos amigos, ao trabalho, ao próximo, ao distante, à humanidade.
Nesse ponto acho que estou deixando a desejar. Acredito que nasci com grande capacidade de amar. Eu era (ou sou), por natureza, uma pessoa amável. Alguns percalços pelo caminho fizeram com que eu refreasse um pouco a minha natureza generosa e disposta a amar de uma forma mais desprendida, sem esperar nada em troca.
Com o tempo, fiquei tímida e refreei minha vontade de beijar, abraçar, elogiar, estar próxima. Eu me tornei uma pessoa mais crítica e até preconceituosa. Não estou aqui falando de raça ou coisa parecida e sim de preconceitos culturais, da dificuldade de conviver e amar o outro, que pensa diferente, que gosta de uma música diferente, que fala e se veste de uma forma diferente.
Acreditei que poderia viver bem sozinha ... Até vivo, mas como sinto falta da atenção, do carinho do outro. Como fico feliz quando me sinto querida, reconhecida, amada!
Tem um samba (acredito que de Baden e Vinícius) que diz "quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém". É bem isso!
Quero sair mais de mim e amar ... E poder dizer, como Piaff: "Je ne regrette rien".
PS. Meu post acabou ficando muito subjetivo (para variar), mas essa vontade de amar também se estende ao outro que não está assim tão próximo. Quero encontrar formas de fazer efetivamente algo pelos outros e não ficar presa nesse discurso de ódio que está predominando no Brasil (e quiçá, no mundo).
Aproveito a oportunidade para agradecer as manifestações de amor que recebi, ao longo da semana, por conta do meu aniversário.
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