segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O dia seguinte

Hoje, pela primeira vez, estou enrolando para atualizar o cáentrenós. Não que eu esteja mais ocupada do que o habitual nesta segunda-feira, meio com cara de feriado. O problema é que não posso deixar de comentar o resultado da eleição de ontem e não me sinto à vontade para fazê-lo.
Aqui, em Cuiabá, está tudo muito quieto. Como era esperado, o candidato José Serra venceu Dilma por uma margem pequena (ele ficou com pouco mais de 52% dos votos e ela com aproximadamente 48%). Muita gente que conheço deixou de votar porque preferiu aproveitar o feriadão e não vi grandes manifestações de alegria ou tristeza. Ficou mais uma sensação de frustração.
Eu não deixei de acreditar totalmente na possibilidade de vitória, mas já esperava o resultado. Queria poder estar feliz agora, me sentir confiante, otimista, mas o que fazer com tanta coisa que está entalada na minha garganta e embrulhando meu estômago?
Tenho muito claro que não votei no Serra e muito menos no PSDB, eu votei contra o PT. Quanto à Dilma, não tenho esse horror que muita gente tem, mas sinto um certo receio dessa candidata meio fabricada, que tinha uma cara e uma aparência há alguns meses e reapareceu na campanha com outro visual, sempre de cabelo e terninhos impecáveis.
Infelizmente, enjoei de Lula, de sua voz, sua fala grosseira e atropelada. Não tenho saudades de Palocci, nem de José Dirceu; adoraria não ter que ouvir mais a voz, nem ver o bigodão de José Sarney, assim como gostaria de não ter que aturar a figura sinistra do vice Michel Temer. E é claro que não me agrada a ideia de encarar Collor, Renan Calheiros e outras figuras que estão novamente na crista da onda (será que chegaram a sair algum dia?)
Mas, claro que vou torcer para que Dilma me surpreenda (no sentido positivo) e que mostre que tem predicados para governar esse paisão enorme - a eterna "bola da vez" no discurso dos chamados especialistas, o gigante tão pródigo e generoso com suas elites e tão perverso com a maioria de sua população.
Que o PAC saia do papel e o Brasil deixe de exibir a vergonha de ter tanta gente vivendo com esgoto e lixo na porta, e sem água potável; que a saúde e a educação públicas cumpram seu papel e não sejam marcadas por tantos contrastes, escandâlos e casos de violência; que o nosso dinheiro - aquela enorme quantia que a gente devolve em impostos para o governo - não seja tão desviado e torrado em campanhas e na sustentaçào do luxos e mordomias dos que estão no poder; que os companheiros sejam menos corporativistas, nepotistas e déspotas; que morra menos gente de dengue e doenças ligadas à fome e à miséria; que a gente tenha mais motivos para acreditar na palavra do outro e que vale a pena buscar a autenticidade; que ética, sustentabilidade e cidadania recuperem seus significados e deixem de ser apenas palavras da moda, prontas para enfeitar o discurso de qualquer um.

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