segunda-feira, 20 de maio de 2013

A escolha de Angelina

Ando tão bissexta em minhas publicações que corro o risco de ser esquecida por meus leitores mais fiéis ...
O que me motivou a escrever hoje foram os últimos acontecimentos envolvendo a atriz Angelina Jolie, que anunciou na semana passada ter feito uma mastectomia dupla e uma cirurgia para reconstrução de mamas visando reduzir o risco do câncer que matou sua mãe.
Não vou aqui repetir toda a história, que pode ser lida na mídia convencional. Quero apenas registrar livremente minha opinião.
Tenho lido coisas muito estranhas a respeito da decisão de Angelina Jolie e a última é a de que ela seria peça de uma campanha envolvendo grana alta do laboratório responsável por fazer exames para detectar a probabilidade genética desse tipo de câncer. Tudo é possível no mundo hoje e praticamente nada mais me espanta.
Mentira!
Eu fquei chocada de saber que uma mulher bonita, rica, invejada (por sua beleza e por seu belo marido), ícone de campanhas humanitárias, etc, havia feito uma cirurgia (ou melhor, várias) para reduzir suas chance de ter câncer. Não vou entrar aqui também na questão matemática, ou seja, avaliando os percentuais de chances de Angelina ter ou não o mesmo tipo de câncer que matou sua mãe.
Será que ela também avaliou as chancer de morrer num acidente de avião (maiores que as minhas que viajo bem menos de avião do que ela), de carro, etc?
Sua atitude corajosa, heroica, segundo muitas opiniões, para mim é assustadora, na medida em que influencia milhares (ou até milhões) de mulheres no mundo inteiro que, certamente, não terão condições de fazer a mastectomia ou a reconstrução dos seios com os mesmos cuidados médicos que a atriz global (no sentido maior, de global mesmo).
E os riscos de morrer por causa da anestesia, de contrair uma infecção hospitalar, de perder o emprego por causa dos dias sem trabalhar? Tudo isso tem que ser levado em conta na contabilidade de nós, simples mortais.
Conversei sobre o assunto com uma amiga que mora nos EUA e trabalha com pesquisa médica. Ela classificou a decisão de Angelina de "tough choice", algo como, uma escolha difícil, dura ...  Contou que leu no site da CNN que ninguém consegue tirar 100% dos seios, ou seja, sempre sobra uma possibilidade de câncer. Diz ainda que a decisão da atriz tem a ver com a cultura norte-americana de "cortar o mal pela raiz".
Nós (ela, eu e, certamente, outras pessoas da famíla) preferimos caminhos menos radicais, com intervenções cirúrgicas menos invasivas e com a ingestão de menos medicamentos.
Aliás, para mim, quanto menos remédio eu puder tomar, melhor. Fico irritada com aqueles anúncios que estimulam as pessoas a tomarem remédios ao menor sinal de dor de cabeça ou em qualquer outro lugar do corpo. Tomou xxxx, a dor sumiu! Alguns associam o comprimido ao carinho paterno ou materno. Bullshit!.
Só sei que há anos vejo uma proliferação tão grande de drogarias e farmácias que só me faz concluir que é um negócio que dá muito dinheiro ou, pelo menos, movimenta muito dinheiro - em outras palavras, ideal para a lavagem do dito cujo.
É isso, não vou crucificar Angelina Jolie por sua decisão de mutilar seu próprio corpo, mas a partir de agora estou ainda mais cabreira com suas aparições e decisões midiáticas.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Chico

Chico foi meu primeiro e único ídolo. Digo ídolo no sentido de idolatração, adoração mesmo. Sabe aquela coisa de recortar fotos de revistas, colar no caderno? É claro que fiz isso com outros artistas, quando era criança, mas Chico era especial. Ele era tema de redações escolares e dos meus sonhos de adolescente.
Minha paixão surgiu quando o vi se apresentando no Festival da Record. Ou foi quando ouvi seu primeiro elepê (é gente, sou do tempo do LP)? Não importa. Só sei que ela foi crescendo, alimentada pelas muitas participações de Chico na TV, numa época em que grandes artistas apareciam em programas como "Essa noite se improvisa" e "O fino da bossa", entre outros.
Ah, já deu para saber de que Chico estou falando?
Esta semana, fiquei surpresa ao assistir ao show "Roda Viva" no Chorinho (o bar Choros & Serestas). O show tem apenas canções de Chico Buarque de Hollanda, interpretadas pela cantora Lorena Ly com o acompanhamento do violonista Joelson Conceição e do baterista Sandro Souza. Já tinha acontecido em outras ocasiões, mas foi a primeira vez que decidi ir.
Não é minha intenção aqui fazer uma crítica à apresentação, até por que fui lá para beber cerveja e me divertir.
Fiquei encantada com a reação do público que, em sua maioria, era composto por pessoas na faixa de 30 anos (ou menos). Em algumas músicas, o público entusiasmado cantava junto com Lorena, que parecia muito feliz e senhora absoluta do "palco".
Deixa eu explicar as aspas: no Chorinho não tem exatamente um palco e sim uma espécie de tablado onde se acomodam os músicos nos dias em que não há roda de samba, quando todos - músicos, cantores profissionais e amadores, e público - se misturam.
Realmente, Chico está quase chegando aos 70 (ele é de 19 de junho de 1944) e não envelheceu mesmo que não tenha aderido a ritmos mais modernos como outros companheiros de geração. Percebo que as músicas que mais encantam o público - ainda que jovem - são as mais antigas, como "Geni e o zepellin", "Quem te viu quem te vê", "Samba de um grande amor", etc.
Foram mais de quatro horas de apresentação - com pequenos intervalos - e até a hora que fui embora - pouco depois de Lorena anunciar o final - não houve repetição de qualquer música e mesmo assim faltou cantar muitas músicas. Impressionante, né?
Eu adoro cantar Chico e sempre faço isso quando pego o microfone nas rodas de samba do Chorinho. Minhas atuais paixões? "Carolina", "Terezinha", "Valsinha", "Minhas história", "Meu guri","A Rita", "Quem te viu quem te vê" e "Samba do grande amor", entre outras.
Chico pode não ser mais meu ídolo, no sentido de idolatração, paixão irrestrita, mas, com certeza, ainda é meu compositor favorito - aquele que toca mais meu coração e me inspira.