sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A última das românticas

É impressionante como certas coisas mudaram tanto nas útimas décadas. Quando comecei a trabalhar com jornalismo havia poucos assessores de imprensa, que geralmente eram vistos por nós, repórteres, como barreiras no caminho da informação. Eu me lembro especialmente de um assessor de imprensa de um órgão federal ligado ao abastecimento, setor que cobri por um período: ele ficava em sua mesa num prédio de uma das avenidas centrais do Rio de Janeiro, era boa praça, mas nunca dava as notícias que queríamos. Era o próprio burocrata.
Fiquei alguns anos afastada do dia a dia da profissão durante o tempo em que me casei, tive filhos e vivi minha aventura pantaneira, e quando retornei ao mercado em Cuiabá em 2003 encontrei outra realidade. Quase todos os meus alunos do curso de Jornalismo da UFMT sonhavam com um emprego numa assessoria de imprensa. Eu me indignava e dizia que assessoria de imprensa era coisa de jornalista à beira da aposentadoria, de quem já cansou de correr atrás da notícia.
Mal sabia que meu discurso estava ultrapassado e deslocado no tempo. Sempre fui uma romântica.
Trabalhei sete anos na revista Produtor Rural onde vivi grandes momentos e emoções, mas a revista acabou - como muitos sabem - e eu me vi diante de novo mercado de trabalho.
Depois de algumas tentativas de trabalhar em redação de jornal, acabei me firmando na revista Corpo e Arte - onde trabalho como repórter e redatora também, já que entrego todas as minhas matérias prontas com título, subtíitulo e destaques - e há um mês comecei a trabalhar na assessoria de imprensa da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).
Estou gostando da experiência e aprendendo o que é ser assessor de imprensa nos tempos atuais:  tenho que atender as demandas dos jornalistas, gerar e provocar demandas, produzir matérias, alimentar os sites (da Ampa e do Instituto Mato-grossense do Algodão - IMAmt), para citar apenas as tarefas mais corriqueiras.  O que me complica mais é lidar com as novas tecnologias, logo eu que comecei no jornalismo com a velha máquina de escrever que dominava com maestria.
Não quero ser saudosista. Adoro o computador e tudo que ele me permite: copiar, colar, deletar ... Mas acho que as novas tecnologias somadas à realidade do mercado de trabalho exigem cada vez mais de nós, jornalistas. Ganhamos menos e trabalhamos mais.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ilusões perdidas

As pesquisas indicam que um dos candidatos à Prefeitura de Cuiabá, o empresário Mauro Mendes, tem larga margem de vantagem em relação a seus concorrentes.
Não acredito que tenhamos grandes mudanças até o dia das eleições e seguiremos numa eleição sem graça em que não consigo mais acreditar em ninguém.
Hoje, alguém me perguntou: em quem você vai votar? Ainda não sei.
A princípio, votaria no Mauro Mendes, em quem votei nas últimas eleições para governador na disputa com o atual governador Silval Barbosa, que nunca despertou minha simpatia.
Mas não aguento mais esssa lenga-lenga de cara pobre que trabalhou e ficou rico, tornando-se um mega empresário de sucesso. Além de me fazer sentir uma idiota por continuar tão dura, essa história tem alguns pontos obscuros.
Se ele é rico não vai roubar, certo? Isso é relativo. Ele pode não roubar para si, mas pode permitir que um monte de gente ao seu redor roube (ou continue roubando).
Não consigo ver um plano de governo, um desejo real de fazer uma administração moderna, menos viciada e que realmente possa trazer uma melhoria de vida para os mais carentes. Cuiabá precisa  de um choque de administração. Será que Mauro Mendes tem força para isso? Será que está a fim de dar uma guinada?
O candidato do PT, o médico Lúdio Cabral, é mais simpático. Tem uma cara de gente boa. Votei nele na última eleição para vereador, mas o fato de ter o apoio do PMDB de Silval anula qualquer possibilidade de votar nele.
Quanto ao candidato Carlos Britto (de que partido ele é mesmo?) é uma pessoa que muda toda hora de partido, de aliados, de cargo. Já foi secretário de Segurança Pública, de Comunicação e de outras pastas que eu nem me lembro mais. Não sinto firmeza nele, apenas o desejo de estar sempre próximo do poder.
Temos ainda no "páreo" o candidato do PSDB, o também médico Guilherme Malouf. Nem tenho o que falar sobre ele. Uma das propagandas que vi diz que nele a gente pode confiar porque é médico e vai cuidar bem da saúde. Tô fora! O pior secretário de Saúde que já conheci é um médico, Pedro Henry, portanto ...
Como vocês viram, minha opinião sobre os políticos vai de mal a pior. É uma pena! Eu gostava de votar, adorava o período eleitoral quando morava no Rio de Janeiro, frequentava comicios, fazia campanha voluntária para meus candidatos. A decepção com o PT e tantos políticos me tornou um ser descrente. Infelizmente.
Terei que fazer um esforço para escolher um vereador em meio a um mar de cavaletes espalhados ao longo da avenida do CPA (parece até um cemitério) e tentar dar meu voto a um dos candidatos a prefeito. Não acho que valha a pena anulá-lo. Anular é abrir mão do meu direito de decidir pelo menos pior.
 
 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Transporte coletivo em Cuiabá e Várzea Grande, uma utopia?

 
Perspectiva do VLT na Avenida Fernando Correa - imagem da Secopa
 
Ontem quando voltava do trabalho no início da noite vim pensando enquanto observava as pessoas nos pontos de ônibus. Cuiabá é uma capital que, a exemplo de algumas capitais brasileiras, conserva resquícios de uma cidade do interior.
As avenidas largas e modernas, como a Historiador Rubens de Mendonça (também conhecida como Avenida do CPA) ou a Fernando Correa, conectam-se com ruas estreitas e tortuosas num emaranhado que complica a vida dos cidadãos que precisam se deslocar pela cidade. Junte-se a isso um calor infernal e uma falta absoluta de atenção ao transporte público e temos o caos que se vê hoje nas vias públicas.
Ninguém quer andar de ônibus em Cuiabá e Várzea Grande, a cidade grudada na capital que abriga o Aeroporto Internacional e tantos  problemas ou mais que sua vizinha mais famosa. Praticamente todo mundo que conheço tem carro ou moto. Vim tentando me lembrar de amigos que usam o transporte público. Dois deles abandonaram o ônibus recentemente e agora estão devidamente motorizados. Só consegui me lembrar de duas amigas jornalistas que andam de ônibus não sei se por opção ou falta de.
Estudantes andam de ônibus, mas se forem de família rica ganham um carro assim que completam 18 anos. Tenho uma amiga que tem três filhos na faixa de 20 anos: todos ganharam um carro do pai quando passaram no vestibular. Hoje a família tem cinco carros na garagem!
Morei muitos anos no Rio de Janeiro e já visitei algumas cidades no exterior. Em algumas o transporte público funciona razoavelmente e isso, somado à falta de lugares para estacionar, faz com que muita gente opte por andar de metrô, ônibus e, eventualmente, táxi. Minhas duas irmãs que moram no Rio abriram mão de ter carro. Tudo bem que elas não são o melhor exemplo já que estão aposentadas, mas uma das minhas sobrinhas vai e volta para o trabalho de bicicleta. São poucas as pessoas que conheço no Rio que se deslocam de carro no dia a dia.
Minha amiga Bárbara, que mora em Brasília, contou no nosso último encontro que vai e volta de metrô para o trabalho já que o trânsito da capital federal deixou de ser aquela maravilha.
Mas voltando a Cuiabá, discute-se agora a implantação do sistema VLT (Veículo Leve sobre os Trilhos) em função da Copa do Mundo de 2014. Pelo que li, a obra foi liberada novamente. Não sei sinceramente se essa era a melhor opção para Cuiabá, pensando no bem estar da população em geral e não nos poucos dias em que haverá jogos da Copa nesta capital.
Parece até mentira: somos bombordeados com informação sobre a briga VLT x BRT (Bus Rapid Transit), mas tenho sempre a impressão de que altos interesses escusos estão por trás de tudo e não consigo separar o joio do trigo.
De uma coisa eu tenho certeza, nunca se pensou realmente na construção de um sistema de tráfego em Cuiabá - e quiça, no Brasil - em que se valorize o coletivo, os interesses das pessoas mais carentes ou da população em geral e o resultado disso é o caos que estamos vivendo. Todo mundo quer comprar carro (e governo e indústrias fazem tudo para alimentar essa obsessão) e muita gente nem consegue pagar o financiamento depois.
Será que não se formam profisisonais (engenheiros, urbanistas) com esse tipo de preocupação - o bem coletivo - ou a má gestão política das cidades não dá chance para os planejadores e aqueles que  estudam em busca do que é melhor para todos a curto, médio e longo prazo?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Desde que o samba é samba



Terminei a leitura de um livro que não estava no meu programa. Como assim? Fui trocar o livro que ganhei de uma amiga ("Furacão Elis" que li há décadas e reli com prazer há poucos anos) e acabei seduzida pela capa e o título do novo livro de Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus" - o livro que originou o filme homônimo.
Não tinha lido crítica, nem ouvido falar de "Desde que o samba é samba" (Editora Planeta do Brasil), mas resolvi investir, achando que era uma história da origem do samba. Acertei em parte. O livro conta o surgimento de um novo ritmo no Rio de Janeiro no finalzinho dos anos 1920. A história se passa no bairro do Estácio, na zona de baixo meretrício e menciona vários logradouros reais, como os morros de São Carlos e Mangueira.
Confesso que gostei bastante, embora tenha ficado um pouco confusa com os personagens. O autor optou por misturar personagens reais, que chama apenas pelo primeiro nome, como Silva (Ismael Silva), Miranda (Carmen Miranda), Alves (Francisco Alves),  Manuel (Manuel Bandeira) e Mário (Mário de Andrade), com outros fictícios. Criou um triângulo ou quadrado amoroso rocambolesco que é o fio condutor da história, formado pelo capoeira e cafetão Brancura, o português Sodré, a prostituta Valdirene e o jovem Valdemar, que logo sai de cena.
O livro tem passagens confusas e repetitivas, e é muito pesado, abusa da violência, dos palavrões e da linguagem para lá de chula. Não recomendaria sua leitura a minhas irmãs mais velhas, por exemplo. Não é questão de puritanismo, é porque é chocante mesmo.
Mas, no final das contas, ele dá seu recado ao contar como um grupo de compositores do povo criou um ritmo novo, a primeira escola de samba (Deixa falar ...) - fatos que mudariam os rumos da música popular brasileira e da cultura do país.
Gostei muito também dos capítulos que falam sobre o surgimento e a consolidação da macumba no Rio, assim como a ênfase do autor à forma como a polícia (mal) tratava os descendentes de escravos e reprimia suas expressões culturais. A própria escola de samba surgiu como uma tentativa de criar um espaço onde as famílias, o povo mais humilde pudesse brincar, sambar sem risco de ser espancado pela polícia ou entrar em confronto com outras agremiações.
Confesso que fiquei triste quando o livro acabou, o que é um sinal de que conseguimos estabelecer uma cumplicidade legal, porém isso não me impede de ver alguns defeitos na narrativa, que merecia uma costura melhor.
Como sou cada vez mais apaixonada pelo samba, adorei conhecer melhor a história de seu nascimento e do sambista Ismael Silva, hoje tão esquecido.  Aliás pretendo aprender um samba seu para cantar no Chorinho (bar Choros & Serestas).



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desrespeito

Nos últimos dias tive conversas rápidas com pessoas diferentes que vou tentar resumir aqui. Elas me falaram sobre desrespeito, sobre quanto foram (e ainda são) desrespeitadas em situações de trabalho. Fiquei chocada e ainda estou pensando a respeito.
Acho sinceramente que a gente precisa se respeitar para que os outros nos respeitem. É claro que estou falando de situações normais e não estou me referindo a situações de guerra ou outras situações extremas ( que nunca vivi) onde regras básicas de sobrevivência acabam prevalecendo.
Numa relação conjugal, entre pais e filhos, parentes de qualquer espécie, amigos, e também de patrão/empregado, chefe/subordinado, deve haver respeito ... ao que foi acordado, aos direitos e deveres de cada um, à individualidade, ao bom senso.
Claro que isso é difícil de ser estabelecido no dia a dia e também o limite de tolerância de cada pessoa é muito subjetivo e individual.
Eu, por exemplo, não gosto de gritar com ninguém e não tolero que gritem comigo. Tenho uma dificuldade enorme para cobrar coisas (tarefas, etc) dos outros e detesto que me cobrem também. Isso torna minha vida na Terra um pouco complicada, é claro. Tenho muita dificuldade para ser chefe, naturalmente, já que não sei cobrar, mas, por incrível que pareça, consegui me desempenhar satisfatoriamente como professora, já que conseguia deixar as regras claras e não abria mão de certos princípios básicos na minha função de educadora.
É claro que já me senti desrespeitada em relações pessoais e/ou de trabalho, mas de modo geral procurei - e procuro - sair fora quando o nível de desrespeito me parece demasiado.
Esse assunto é por demais complexo e, quanto mais penso, mais vou me enredando nos pensamentos.
Como preciso me arrumar para trabalhar, vou botar um ponto aqui que está longe de ser final.
Mas a pergunta que fica na minha cabeça e que não tive coragem de fazer a essas pessoas que se queixaram da forma desrespeitosa em que foram (ou ainda são) tratadas é: por que você aguentou (ou ainda está aguentando) isso? 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Refluxo

Hoje me consultei com uma médica maravilhosa: dra Rafaela de Liz P.S Lermen. Até que tenho sorte com médicos. Em geral, quando preciso de algum especialista peço socorro ao Dr Gabriel Novis Neves, que sempre indica os melhores.
Mas neste caso a indicação veio de um homeopata, Dr Luiz Augusto Cavallini Menechino, que também é muito legal e me foi indicado por uma jornalista que conheci em minha breve passagem pela redação do jornal Folha do Estado.
Adoro médico que explica tudinho, que te atende como se tivesse todo o tempo do mundo.
A dra Rafaela é assim. Pegou uma ilustração do aparelho digestivo e me explicou tudinho sobre o meu problema: refluxo alcalino ou refluxo duodeno-gástrico. Como achei interessante o funcionamento do aparelho digestivo, onde tudo tem sua função e razão de ser!
Embora seja um probleminha chato, saí de lá me sentindo acolhida, protegida, completamente diferente de que como me senti quando saí do consultório de outro gastro há um ano. Ele pareceu não dar a menor bola para o meu refluxo (era apenas mais um caso), receitou e me dispensou, dizendo que a outra alternativa seria uma cirurgia.
É claro que não vou conseguir explicar aqui tudo que me disse a dra Rafaela. Para isso, eu teria que ter dado uma de jornalista e anotado tudo que ela falou, tintim por tintim.
Entre outras coisas interessantes ela me confirmou o que já suspeitava: a vesícula (que tirei há 12 anos) faz falta sim. Segundo a dra Rafaela, atualmente não se tira mais a vesícula por qualquer pedrinha. Essa postura dos médicos, disse, mudou há cinco anos. A vesicula tem um papel importante no aparelho digestivo liberando mais ou menos "saponáceo" para ajudar na digestão dos alimentos. Se ela não existe mais a liberação é sempre a mesma independentemente de estarmos comendo alimentos de digestão mais fácil ou mais complicada.
Isso não quer dizer que tenho refluxo por causa da falta da vesícula, mas tudo acaba se misturando.
A dra Rafaela confirmou que não posso me deitar após as refeições (enquanto estamos de pé funciona a lei da gravidade e é mais difícil acontecer o processo de refluxo) e devo evitar alimentos gordos, carnes, leite, frituras, líquidos durante as refeições, roupas apertadas, balinhas de hortelã e menta, e chicletes. Posso até contrariar as recomendações, mas sei que pagarei um preço (como hoje: acabo de vir de um aniversário e comi além da conta).
A médica pediu que eu volte daqui a seis semanas, mas antes devo ir ao cardiologista para ver se meu coração está 100% para ela me receitar um remédio. Como minha cardiologista (também queridíssima) está de férias, vou ter que aguardar. Contei isso à dra Rafaela e ela se divertiu com a informação de que a dra Marta está passeando pela Europa com sua mãe de 87 anos.
Ah, vou ter que tomar um remédio que a dra Rafaela chama de inibidor de bomba (de próton), que é bem carinho... Mas ela disse que não será para sempre. Ainda bem.
Quando vou a um médico como ela fico com muita pena das pessoas que não têm a mesma oportunidade ou sorte que eu. Quando a gente tem algum problema de saúde o que mais quer é ter a sensação de ter um médico por perto que realmente pareça interessado em resolver o teu problema e não te trata como mais um paciente.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Roda viva



O lado ruim de ficar várias dias sem atualizar o blog é que a gente não sabe por onde começar, do que falar. São tantos assuntos! Cuiabá está pegando fogo! Em todos os sentidos.
Para variar, há focos de incêndio por todos os lados neste período de seca, que só deve terminar em outubro e é a pior época do ano para mim. Por enquanto o céu ainda está azul, mas até quando?  Muitas pessoas ainda insistem em queimar o lixo, as folhas secas sem pensar nas consquências para o meio ambiente e a saúde geral do povo.
Além disso, tem outro incêndio que diz respeito à discussão sobre o VLT - o transporte do futuro que deveria chegar antes da Copa de 2014. Está uma confusão dos diabos. A pedido do Ministério Público, a Justiça suspendeu o contrato no valor de R$ 1,477 bilhão e proibiu a execução das obras do Veículo Leve sobre Trilhos, o tal do VLT.
Está um fuzuê danado com um monte de gente se manifestando, quem é contra ou a favor do atitude do MP, do VLT, enfim, nessa altura do campeonato a maioria nem sabe se a escolha de Cuiabá para ser subsede da Copa foi boa ou ruim para Mato Grosso.
Confesso que sou uma delas: no início, achei bom, embora nunca tenha me entusiasmado, mas diante da lerdeza nas decisões, das disputas políticas e da incompetência da classe dirigente, temo que preferia ficar com a velha Cuiabá de sempre. A Copa parecia uma oportunidade para a realização de obras que beneficiariam a população como um todo, mas desde que criaram a Agecopa a coisa só foi piorando.
Mas eu quero registar aqui - ainda que tardiamente - a morte de Antônio José Waghabi Filho,  o Magro do MPB-4, aos 68 anos, em consequência de um câncer. Cresci ouvindo o MPB-4 e guardo na memória as imagens e o som maravilhoso do quarteto cantando "Roda viva" com Chico Buarque num festival da Record. Gostava de todos no MPB-4, mas do alto de meus 10/12 anos era apaixonada pelo Magro. Mania de gostar de homem barbudo e magro, que se refletia no meu Beatle preferido (George Harrison).
Li que ele era um grande arranjador e fico contente que tenha levado a vida fazendo música. Talvez não tenha tido o reconhecimento desejado; talvez não tenha sido devidamente remunerado para isso. Não sei. Só sei que devo muito ao Magro e ao som do MPB-4, que embalou boa parte da minha adolescência. Morro de inveja do meu amigo Eugênio que contou ter assistido a uma apresentação do grupo em Curitiba há uns cinco anos.

domingo, 5 de agosto de 2012

A arte da felicidade

Balneário Mutuca

Meu domingo foi tão bom que chego a me sentir culpada. Como o ser humano é complexo! A gente busca ser feliz, deseja felicidades para as pessoas o tempo todo, mas tem dificuldade em ser feliz. Simplesmente.
Este era o último fim de semana de férias de minha filha caçula e eu queria poder me dedicar 100% a ela. Trabalhei bastante durante a semana para estar livre no final de semana, de corpo e alma.
Ontem, de manhã, enquanto aguardava sua chegada à Rodoviária, fui nadar e me senti imensamente feliz nadando durante uma hora sob o sol quente de Cuiabá. Por que nadar me deixa tão feliz? Não sei. A mistura da temperatura da água, do som que ela faz quando me movimento, a sensação de senti-la passando por meu corpo e o visual da piscina me fazem muito bem. Gosto da ideia de estar movimentando meu corpo: pés, pernas, tronco, braços, cabeça. Tudo trabalhado de uma forma harmônica: respiração e movimentos. Procuro manter minha mente focada no ato de nadar, mas de vez em quando ela viaja.
Pouco depois de meio dia Marina chegou e, após um almoço caseiro, fiz uma coisa que ainda não tinha feito: assisti às Olimpíadas. Vi provas de corrida, de salto, natação, salto ornamental, jogos de vôlei. É impresssionante ver os corpos malhados, alguns belíssimos (como os dos homens corredores), outros nem tanto. E a rapidez com que nadam! A felicidade do Phelps ganhando mais uma medalha olímpica (nem me lembro quantas foram) foi emocionante!
Hoje ouvi uma pessoa criticando os gastos com os jogos olímpicos (o envio das delegações, a ostentação) quando há tanta gente sofrendo nos corredores dos hospitais. Eu entendo o ponto de vista dela, mas não acredito que seja por causa disso que faltam recursos para que as pessoas sejam atendidas decentemente na saúde pública. Se pelo menos não se desviassem recursos, a sociedade não permitisse que equipamentos e remédios ficassem sem uso ou mesmo que prédios construídos para serem hospitais ficassem abandonados; se os médicos e demais profissionais da saúde fossem devidamente remunerados para fazerem seu serviço e também cobrados por isso, e tivessem condições para desenvolverem seu trabalho a contento ... E que só trabalhassem na saúde pública os profissionais que tivessem uma compreensão de sua importância e grandeza.
Enfim, não acho que o problema da saúde pública seja falta de grana e sim de má gestão e falta de decisão política, pela qual somos todos responsáveis.
Como somos responsáveis pela má qualidade da educação pública, do transporte público e dos serviços públicos em geral e pela má qualidade de nossos representantes em todas as esferas políticas, sejam elas legislativas ou executivas.
Enfim somos responsáveis pela sociedade em que vivemos, mas, apesar disso hoje estou feliz porque tive um dia muito feliz ao lado de minha filha caçula - uma pessoa que eu amo e a quem procurei dar o melhor de mim.
E amanhã é segunda-feira e estou feliz com isso também porque vou sair de casa para trabalhar. Para mim, isso é uma dádiva. Tem maluco pra tudo, né?

(...) Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá para ser feliz"
Um homem também chora (Guerreiro menino) do mestre Gonzaguinha

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

De trabalho novo

Hoje vou iniciar um novo trabalho no período da tarde.
Há alguns dias estava conversando com uma amiga querida de Cáceres (Bárbara) que não via há uns dois anos e me toquei de quanto minha vida profissional andou agitada desde que saí da revista Produtor Rural em setembro de 2010, em virtude do fim da publicação decretado pela Famato por razões financeiras.
Foi difícil situá-la e, aos poucos, eu ia relembrando tudo que aconteceu desde então: a revista Corpo e Arte (já estou concluindo a minha quarta edição), a revista Globo Rural (também continuo envolvida com esse frila), a revista Bio (do amigo Romildo Guerrante. meu ex-chefe de reportagem no Jornal do Brasil), as revistas RDM e Ótima (participações episódicas), o Grupo André Maggi (participei da elaboração do Relatório de Sustentabilidade 2011, que, aliás, acabou de chegar da gráfica; estou louca para buscar meu exemplar), a Entrelinhas Editora (uma relação que não está mais tão intensa quanto no segundo semestre de 2011, mas continua firme), a breve passagem pelos jornais Folha do Estado e Diário de Cuiabá (dos quais me despedi sem problemas), a elaboração dos boletins da Somago (uma entidade que reúne médicos ginecologistas e obstetras de Mato Grosso), além de outros frilas mais rápidos.
Trabalho não faltou, embora nem sempre nas condições financeiras mais satisfatórias. É bem verdade que recusei ou abandonei aqueles que não me pareceram seguros ou interessantes do ponto de vista profissional e pessoal.
Houve momentos em que me senti desvalorizada, desesperançada e deprimida. Mas, de modo geral, acho que estou aguentando bem o tranco e buscando meu caminho nessa selva que chamamos de vida.
Hoje enfrento um novo desafio, na Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa-MT) - um convite que surgiu em decorrência do trabalho que realizei no setor do agronegócio na época da revista Produtor Rural. Por mais que eu queira, não consigo me afastar do agronegócio e é bobagem lutar contra isso num estado como Mato Grosso, onde o agronegócio ainda é o setor de maior expansão, fonte de empregos e renda.
Trabalhar com cultura (no sentido mais amplo e não apenas cotonicultura) em Mato Grosso - o que eu gostaria - ainda é utopia, a não ser para aqueles que têm uma visão muito distorcida da cultura, com raríssimas exceções.
Sigo em frente porque ainda tenho três bocas para alimentar e ainda conservo sonhos a realizar, o que inclui viagens e outras coisas mais.